Gustavo Hoffay*

O mundo gira e às vésperas do alvorecer da segunda década do terceiro milênio continuo, do alto dos meus sessenta e poucos anos, acreditando que a palavra “mudança” sintetiza muito a época em que vivemos. Cotidianamente assistimos pela mídia, impressa e eletrônica, a interessantes fatos que no instante seguinte já passam a despertar ainda mais a nossa atenção e dada a sua importância, sejam eles relacionados à política, ao esporte, à economia, à religião ou à tecnologia…por exemplo. Especialistas do mundo inteiro debruçam-se sobre causas e efeitos de tanta mudança, com o intuito de compreenderem a necessidade e a quantidade de tantas e variadas transformações e até onde tudo isso pode ter alguma influencia na vida de cada um de nós, reles mortais. Tratando-se de governos municipais e sobre os quais podemos manter uma vigilância mais constante e severa, o grande desafio são as câmaras de vereadores em se assumirem como promotoras de mudanças e os nossos representantes, ali presentes ,discernirem em conjunto quais as relevantes mudanças devem ocorrer em prol do município, quais as mais solicitadas e urgentes e enquanto, todos eles, criam condições para uma positiva adaptação à marcha do progresso e planejam tarefas que visem inclusive a reformulação de valores. No Brasil, de maneira geral, chegamos à construção de um sistema social que mostra-se bastante paradoxal e carregado de conflitos. O povo hoje tem muito mais poder do que em qualquer outra época da nossa história, mas mostra-se impotente ou incapaz para solucionar algumas lamentáveis situações, como promover ações que realmente evitem a ocorrência de tragédias naturais ou não. O que ocorreu em Mariana e Brumadinho, visto e analisado sob qualquer ângulo, mostra que apesar de todo o poder econômico e tecnológico o homem torna-se cada vez mais escravo das suas próprias crias, superficial e menos humano. Há riquezas incalculáveis sob o chão que pisamos e nas montanhas da nossa Minas Gerais, há grandes possibilidades de prosperidade para muitos milhares de pessoas mas creio, ainda, faltar humanização e felicidade naqueles que deveriam gozar do resultado do esforço pela exploração dos nossos minerais. Toda a tecnologia a serviço do homem, cada vez mais moderna e potente, cria maiores e diferentes problemas: deterioração e desastres ambientais, dilapidação de recursos minerais, decadência de centros urbanos e principalmente no que toca a mudanças de sadios costumes, patologias psicossociais de crescente gravidade, aumento no numero de crimes e de outras indevidas condutas marginais, total falta de ética, corridas em busca de soluções imediatas por meio de fórmulas mágicas e de religiosidade deturpada, míope….! Basta! As mudanças necessárias não devem ser bruscas e muito menos colocarem em risco as conquistas já alcançadas pelos nossos antepassados; mais ênfase na qualidade de vida, no controle mais adequado da tecnologia e de outros recursos (hídricos e energéticos, por exemplo)! E isso depende apenas de nós, mesmo que demore um pouco algumas decisivas tomadas de atitude a partir de empresas particulares e de todos aqueles a quem delegamos um poder transitório nas eleições municipais. Menção honrosa, moção de aplausos, títulos disso e daquilo, dar nome a ruas e outros logradores públicos e outras ações não representam necessariamente o expresso desejo da grande maioria do povo uberlandense que deseja, sempre mais, ações legislativas que visem o bem-estar geral da comunidade onde vivemos.O (A) leitor (a) conseguiria lembrar, sem vacilar, em quem votou para vereador nas ultimas eleições? Se é difícil responder a essa pergunta, segue aí uma outra um pouco fácil: pense em três nomes de atuais vereadores de Uberlândia.Difícil, então tente responder a algumas dessas: de qual grupo de pessoas politicamente engajadas você faz parte ou ao menos já ouviu falar? Você tem o costume de acompanhar o trabalho de algum vereador? Em sua opinião, qual foi a ação de maior relevância do vereador que você ajudou a eleger? Qual foi a ultima vez e por qual motivo ele visitou o bairro onde você reside? As eleições municipais se aproximam e em breve teremos mais algumas irreverentes e por vezes soníferas rodadas de atípicos candidatos a vereadores por Uberlândia, muitos deles desfilando cansativos repertórios de asneiras em horários políticos pela TV e no sentido de convencer eleitores diversos; e pior de tudo: alguns deles conseguem e chegam mesmo a ser eleitos…prá que mesmo? Lembremo-nos que políticos não são apenas aqueles que estão provisoriamente nas câmaras do povo, somos todos nós e se estamos insatisfeitos com a maioria deles…a culpa também é nossa.

*Agente Social