Ivan Santos*

Começa hoje em Roma o Sínodo da Amazônia, um Encontro de Igrejas Cristãs que vai discutir a evangelização e problemas sociais que envolvem os povos que habitam o bioma amazônico. O Encontro não é apenas de bispos católicos da Amazônia Brasileira, mas de uma região compreendida por nove países, entre os quais o Brasil. Também não é uma ação só da Igreja Católica como muitos pensam. Estão em Roma representantes das igrejas cristãs Anglicana, Presbiteriana, Assembleia de Deus e a Evangélica de Confissão Luterana. Logo, é um Encontro Evangélico. Também não representa articulação contra o governo liberal chefiado no Brasil pelo presidente Bolsonaro, como alguns ativistas da Nova Política Brasileira insinuam. O Sínodo da Amazônia foi projetado e convocado em 2017 quando no Brasil ninguém imaginava que o capitão-deputado Jair Messias Bolsonaro, do Baixo Clero da Câmara Federal, seria eleito presidente da República pelo inexpressivo PSL.
Hoje o Papa Francisco abre o Sínodo da Amazônia com a presença de seis delegações de Igrejas fraternas com missões na Amazônia. As missões se espalham pelo Brasil, Guianas (Francesa, Holandesa e Inglesa), Venezuela, Equador, Colômbia, Peru e Bolívia. O Sínodo tem um programa claro para discutir as consequências religiosas e sociais das transformações econômicas e ambientais que envolvem o homem com a natureza no mundo em transformação. Não é uma ação socialista contra um governo que se apresenta como liberal e antissocialista. As Igrejas no Sínodo não vão discutir sistemas políticos nem políticas econômicas, mas problemas sociais de interesse da espécie humana. Está na pauta o exame da consciência cristã num mundo ameaçado pela cobiça econômica e pela exploração do homem pelo próprio homem. Este não é um conceito comunista, mas cristão, constante no Evangelho do Cristo. Há milhões de seres humanos que vivem no bioma amazônico, distribuídos em nove países que não podem ser esquecidos nem abandonados na Era Moderna cheia de conhecimentos científicos e tecnológicos.
O governo do capitão-presidente Bolsonaro alardeou aos quatro pontos cardeais do Brasil que o Sínodo seria um movimento da esquerda criminosa acolhido pela Igreja Católica para perturbar a aplicação de políticas liberais na Terra de Santa Cruz e dificultar a implantação da Nova Política no Brasil. Ledo engano. O Sínodo da Amazônia não é uma conspiração contra Bolsonaro. É um movimento de Igrejas Cristãs que precisa ser acompanhado e analisado com seriedade máxima. Vamos seguir atentos para que não compremos gatos por lebres.

*Jornalista