José Carlos Nunes Barreto*

Prezado prefeito:

Como eleitor de Sua Excelência, venho colocar a seguir algumas questões relativas à seu governo, e ao futuro da cidade que escolhi para viver, liderada pelo senhor há vários mandatos, e pelo que consta, o será por mais um, ao final do atual, com relativo sucesso, frente ao desastre da última gestão petista. Todavia, alguns itens da cidadania, precisam ser respeitados e discutidos, e permanecem no escuro, face ao despreparo e omissão do poder legislativo da cidade, que seria a principal instituição para estabelecimento dos freios e contrapesos constitucionais. A questão da transparência dos atos do poder executivo, neste contexto, portanto, é fundamental, haja vista a cidade estar em quinquagésimo lugar, entre cidades com transparência na gestão no país.

Saltam a vista alguns itens, notadamente contratos espúrios realizados na área de saúde, como por exemplo, o realizado no âmbito da FUNDASUS, que apesar de extinta neste governo, foi usada para escoar recursos públicos, também obras realizadas no DEMAE em 2012, durante seu mandato anterior. A justiça, através do Ministério Público, foi acionada nestes casos, e seu governo tem feito de tudo para não esclarecer, onde foram parar cerca de 40 milhões de reais no primeiro caso, e 20 milhões no segundo (Não há informações oficiais para o cidadão comum ,nestes dois casos, a não ser em vociferações da oposição ao seu governo ). Desvio de dinheiro significa roubo, e o elegemos para evitar a ocorrência de outro sórdido evento, como o do IPREMU no valor de 300 milhões ( comprovado na justiça e por CPI), e o que queremos é que, além de não roubar, o prefeito não deixe roubar, e puna os que roubam, facilitando a justiça e promovendo, aí sim , a transparência- o que pode significar também, uma oportunidade para o político ser absolvido pela opinião pública, caso se comprove sua probidade administrativa, ao longo do processo.

Quando, em redes sociais Sua Excelência afirma que, transparência é poder olhar no olho do eleitor, eu o respondi, na ocasião, e volto a afirmar, que isso não é suficiente, pois este é o dever de todo homem público…Usar protocolos para evitar desvios, isso sim é papel do gestor, e, ter mecanismos para evitá-los , realizar “compliance ” baseado na norma ISO 37001/ 2018 ,é mandatário , pois o que a “Lava Jato” ( que o senhor , infelizmente, como parlamentar, tentou prejudicar ,ao não votar favoravelmente projetos que a fortaleciam) , tem mostrado, na maioria de vezes ,é que nestes casos, algo estrutural ocorre ,orquestrado por quadrilhas, cujos chefes são os dirigentes , como aconteceu na última gestão da cidade, o que levou às grades o ex- mandatário, o que esperamos não seja o seu caso, e a única forma de termos certeza disso, é dar suporte aos protocolos acima referidos, favorecendo o esclarecimento público dos mesmos, por parte do executivo, independentemente do andar do processos judiciários – papel que o poder legislativo teima em não fazer, ao não inspecionar, auditar e exigir estas soluções do executivo, por simples subordinação política da maioria da casa à Sua Excelência.

As medidas acima, são as maiores questões, como no atacado – podemos comparar. Todavia, salta à vista, questões do varejo, cito por exemplo, a construção de pontes e ruas sem ciclovias, e passagens adequadas para pedestre, além da falta de sinaleiros com temporizador para pedestres e idosos, a ausência de prioridade para estruturas que nos tirem das recorrentes crises de dengue, que tem matado pessoas, ano a ano ,durante suas gestões, um item de execução fácil e baixo investimento, porém com resultados excelentes para salvar vidas, o que não tem preço… a falta de comunicação social com o eleitor, para ensiná-lo a atravessar só na faixa, fazendo o sinal de vida, como em Brasília, após contratar campanha educativa para que motoristas parem .

Já o lixo, esta é uma bomba, que sua gestão pode deixar para as futuras gerações. Fazer deste limão uma limonada é vital: contratar projeto e investimento via BNDES ,para queimar o lixo, e fazê-lo virar energia , como em Paris, não seria difícil até para estagiários de engenharia, e seus professores na UFU, a um baixo custo, e este recurso ajudaria as combalidas finanças da universidade federal, e serviria de exemplo para outras soluções que a cidade precisa, e que já poderiam estar acontecendo, não fosse a fogueira de vaidades do executivo uberlandense, e da reitoria da universidade, ambos sustentados pelo contribuinte, que sofre com esta falta de sinergia e bom senso.

Aliás, acredito que a UFU poderia colocar seus pesquisadores em campo, para dar soluções de inovação para a cidade, independente de quem estiver no governo, e isto, com certeza , a faria voltar ao ranking de melhores universidades o mundo, de onde foi recentemente excluída.

Esperando que estas soluções sejam realmente aplicadas, e me colocando à disposição, para, quaisquer esclarecimentos, me despeço.
Atenciosamente,

*Professor Doutor