Paulo Panossian*

O populismo de Jair Bolsonaro, chega ao extremo de alimentar inclusive práticas há muito condenadas pela população e também indeferidas pelo STF, como dos atos de nepotismo. E no exato dia que a Nação comemorava a reforma da Previdência, talvez enciumado pela falta de protagonismo, já que, Bolsonaro, pouco fez por ela, o presidente surpreende negativamente quando diz que vai nomear seu filho o deputado Eduardo Bolsonaro, para embaixada dos EUA. E que o ex-embaixador brasileiro Rubens Recupero, surpreso com o caso afirmou, “se trata de medida sem precedentes em nossa história diplomática, e na história da diplomacia em países civilizados e democráticos”! Ora, o ato de nepotismo dentro das nossas instituições é considerado quando da nomeação de cônjuge, ou parente até o terceiro grau, etc. E o presidente, se confirmar essa nomeação de Eduardo, para embaixada dos EUA, corre o risco de cometer um crime de improbidade administrativa! Porque, como já ocorreu de uma ação neste sentido a pedido de um partido politico, no julgamento o STF, indeferiu tal nomeação. Olhe para o Brasil, Bolsonaro…

Triste realidade

Pela pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio (Pnad) Contínua, indica a triste realidade de que ainda temos no Brasil, 11,3 milhões de pessoas com 15 anos ou mais, que não conseguem ler ou escrever um texto simples. É importante que a nossa sociedade tenha a real consciência deste grau de analfabetismo no País, e pressione as autoridades, como também a nossa imprensa não se canse de divulgar. Reconhecemos que tem havido uma ligeira melhora. Dos 6,9% de analfabetos em 2017, caiu para 6,8% em 2018. Porém, dificilmente será atingida a meta de erradicar o analfabetismo até 2024. Se a região Sudeste tem a menor taxa como de ,5% de analfabetos, no Sul 3,6%, Centro-Oeste 5,4%, no Norte, infelizmente é de 8%, e pior ainda no Nordeste de 13,9%. E uma diferença abissal entre a população negra com 9,1% e de brancos 3,9% de analfabetos. Lógico que, grande parte de analfabetos se encontra na idade acima do 60 anos, já que, nessa faixa etária são seis milhões de analfabetos. Porém melhorou a porcentagem de crianças entre 6 a 14 anos na escola: de 99,2% em 2016, subiu para 99,3% em 2018. Ou seja, nessa faixa etária o Brasil atingiu a meta de universalização do ensino básico. E também entre crianças de 6 a 10 anos, 96,1% felizmente estão na série indicada para essa faixa. Já para os estudantes de 11 a 14 anos, apenas 86,7% na série indicada para faixa etária. É bom lembrar que a produtividade é baixa do trabalhador brasileiro, já que, a maioria, estudou em escolas publicas sem um nível de ensino ideal. E o atual governo, precisa urgente dar um rumo, no Ministério da Educação, já que, em sete meses de gestão, nada de útil foi apresentado para melhorar o nível do ensino no País…

Cargo no Executivo?

O mais badalado dos políticos, e fiador da reforma da Previdência, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), sobre sua possível candidatura em 2022, ao Planalto, diz em sua entrevista ao Estadão, que por enquanto não deseja disputar cargos no Executivo. “Não quero ser administrador de crise”.  Sensato, ainda afirma “Enquanto não organizar o Estado brasileiro, para que eu vou ser prefeito, governador ou presidente”?!… Porém, aposta como prováveis adversários de Jair Bolsonaro, no próximo pleito o Luciano Huck, ou os governadores João Dória de São Paulo, e Wilson Witzel, do Rio. Diz também, que, não tem compromisso politico com Bolsonaro. E sugere ao presidente refletir sobre o ato de nepotismo como da indicação de Eduardo Bolsonaro, para embaixada dos EUA. E, alerta  que urge uma mudança no relacionamento entre o Planalto e o Congresso, do qual, será fundamental para as votações na Câmara, no segundo semestre. Porém, Maia, diz que seu propósito no segundo semestre é priorizar reformas e projetos de Estado. E não tocar pautas do governo com temas sobre costumes, ou autonomia do BC. E avaliando a fala do presidente de que sua caneta está mais cheia (tem mais poder…) do que a de Rodrigo Maia, o presidente da Câmara, disse que nem a caneta de Bolsonaro, nem a sua, e tampouco a dos governadores estão cheias. Ou seja, com déficit fiscal explosivo, economia novamente estagnada, boa parte dos Estados, quebrados também, e 13 milhões de desempregados as canetas estão vazias, brancas, sem tinta alguma… O que é verdade! E Jair Bolsonaro, infelizmente, por falta de boas ideias para o País, gastou a tinta de sua caneta usando somente para fomentar crises, ímpetos de populismo, e projetos sem relevância alguma como  de armas, cadeirinhas, radares, e até do intuito de indicar para o STF, um ministro “terrivelmente evangélico”…

Grau de honestidade

Existe uma estimativa de que é roubado por ano, no mundo, US$ 1 trilhão, ou R$ 3,76 trilhões, ou tal qual a 64% do PIB brasileiro. E para tentar entender o grau de honestidade de um ser humano, um grupo de cientistas maquinou um modo cientifico experimental, simples, e genial, para saber quantos cidadãos devolveriam ou não uma carteira encontrada com ou sem dinheiro, como explica o biólogo Fernando Reinach, em seu artigo no Estadão. Esses cientistas visitaram 355 cidades, em 40 países, carregando 17.303 carteiras. Todas continham cartão de visita identificando o dono, uma chave e uma lista de compras. Metade das carteiras tinha o equivalente a US$ 13, ou R$ 50, na moeda do país, e a outra metade não tinha dinheiro. Como se tivessem sido achadas essas carteiras próximo de hospitais, hotéis, bancos e até em museus, entregavam aos porteiros ou na recepção destes estabelecimentos. Em cada cidade, entregavam 25 carteiras com dinheiro e 25 sem dinheiro. E como no cartão de visita contido na carteira tinha um e-mail específico, os cientistas voltavam para casa esperando contatos dos possíveis honestos. E depois de 100 dias de espera iriam verificar quanto destas carteiras foram devolvidas, ou não a seus supostos donos. Na China só 8% das carteiras sem dinheiro foram devolvidas. Na Suíça 72%. O mais interessante é que foram devolvidas mais carteiras com dinheiro do que sem. No Brasil, 50% com dinheiro foram devolvidas, e 33% de carteiras sem dinheiro. Como diz o biólogo, a chance que seja devolvida carteira com dinheiro é maior. Somente no Peru e no México, que a devolução de carteira com dinheiro foi em menor número. Mas, o melhor e cuidar do seu rico dinheirinho, porque não dá em árvore, e nem cai do céu…

Fala alto o corporativismo

Com um presidente, que de forma inédita nesta Republica, age mais como um sindicalista durante esta reforma da Previdência, como na defesa de privilégios para policiais, o corporativismo de outras categorias como dos professores, foram também atiçadas, e conseguiram apresentando destaques no plenário da Câmara, desidratar o total a ser economizado em 10 anos, na aprovação desta reforma. O que decepcionou o mercado e investidores. E demonstra que, o nosso País, ainda vive tempos do império, recheado de privilégios, lógico que, para uma minoria… E agora, do inicial esperado de R$ 1,2 trilhão de economia em 10 anos, como mínimo ideal caiu para R$ 1 trilhão, e com ajuda nociva de Bolsonaro, se fala entre R$ 800 a R$ 900 bilhões. E agora estamos nos iludindo, ou como conforto, contando com mais uns R$ 200 bilhões, em 10 anos, com o possível combate a fraudes, ou pente-fino nas aposentadorias do INSS. Ora, esse montante era como de um colchão importante para equilibrar o quanto antes as deficitárias contas públicas. E esses supostos R$ 200 bilhões, que podem, ou não, ser economizados no combate a fraudes, servirá somente para encobrir o buraco da nefasta ação do corporativismo vigente nas nossas instituições. E quem vai pagar como sempre essa conta, é o pobre do trabalhador brasileiro lotado na sofrida também iniciativa privada…

*Jornalista – paulopanossian@hotmail.com