Ivan Santos

A falta de experiência política de novos executivos públicos, entre eles o presidente da República, poderá resultar em situações difíceis para a execução do orçamento público. Em Minas Gerais, por exemplo, o governador Romeu Zema, pode ser um bom administrador de empresas, mas tem-se apresentado como jejuno em administração pública. Até hoje o senhor Romeu Zema usa o discurso da campanha para explicar dificuldades na administração estadual e nada fez para construir uma base de apoio parlamentar para aprovar projetos indispensáveis ao governo dele.
O governador dos Mineiros precisa entender que governar um Estado complexo como Minas Gerais é diferente de administrar uma cadeia de lojas. Numa empresa privada o dono decide sozinho o que fazer.  Na administração pública democrática é preciso acertar as ações com a maioria dos representantes do povo que se reúnem na Assembleia. Neste campo a administração é compartilhada e é preciso acertar politicamente os procedimentos. Os deputados de partidos da Situação e da Oposição já mandaram vários recados ao governador, mas ele, aparentemente, não entendeu nenhum.
Neste momento, vários partidos se reúnem na Assembleia para criar um orçamento impositivo que poderá definir normas administrativas que o governador será obrigado a cumprir. Zema, assim, seria transformado num chefe de estado parlamentarista e, aos deputados, caberia a responsabilidade de governar.
O governador Zema não agiu ainda como chefe de um poder executivo público num regime democrático. Neste momento, Zema precisa da aprovação da Assembleia para renegociar com a União a dívida pública de Minas que já está perto de R$ 100 bilhões. Não adianta falar que esta dívida é fruto da irresponsabilidade de governantes passados. A verdade é que o atual governador precisa ter recursos para custear os serviços essenciais do Estado e, para isto, precisa mostrar competência política para enfrentar a situação. Recentemente ouvimos de um experiente prefeito que “se o Regime de Recuperação Fiscal não for ajustado e aprovado pela Assembleia, o Estado vai quebrar e sobrará enormes problemas para nós (os prefeitos e o povo mineiro)”. O governador Zema e o presidente Bolsonaro precisam entender que sem articulação política não é possível governar numa democracia. Esta realidade vale para tos os governantes. da União aos Municípios.

*Jornalista