Gustavo Hoffay*

Torno a esse tema, sim, pois ainda tenho dúvidas das reais intenções do governo em continuar permitindo que programas e filmes de televisão, absolutamente impróprios para menores de idade, possam ir ao “ar” em horários inadequados. E não são apenas as nossas crianças que tornam-se vítimas da pornografia, visto que famílias inteiras também são afetadas e sentem-se profundamente constrangidas com cenas e palavreados sexualmente chulos. Poder-se-ia dizer que a Internet é , também, um canal de fácil acesso para quem queira assistir àqueles filmes e em momentos que sejam-lhes mais apropriados para tal, porém há uma enorme diferença entre “procurar” e “receber” material impróprio. O bom senso precisa vencer e em nome da decência, da moral e dos bons costumes. Retrógrado, eu? Talvez eu seja mais uma voz que levanta-se contra esse tipo de licenciosidade e seja, até, proclamado um “moralista despropositado” mas, francamente, ouso dizer que muitos outros pais de família têm o desejo de expressar o mesmo mas que, por algum ou outro motivo, ainda não o fizeram. Se as emissoras de TV desejam continuar explorando cenas ou filmes inteiros relacionados a sexo e sob a chancela do governo federal, que ao menos o façam e sob critérios de classificação indicativa. Não estou falando em censura e o que a própria Constituição encarregou-se de eliminar em nome da democracia, mas espera-se que recomendações oficiais sejam transmitidas às emissoras de TV e no sentido de que respeitem os valores éticos de centenas de milhares de famílias e sob pena de serem seriamente punidas. Aliás, cabe aqui uma observação a respeito do que muitas pessoas talvez ainda não perceberam: o novo Estatuto da Criança e do Adolescente prevê penalidades para quem ferir os direitos da criança. Ora, abusadas cenas de sexo e vulgaridades diversas são derramadas diariamente sobre a sala-de-estar de nossas casas e como se fossem enxurradas de desacato e desaforo, em pleno horário nobre, numa total falta de respeito a quem espera assistir programas que não sejam sexualmente apelativos. São milhares e milhares de famílias sadias indignadas, penso, com toda essa libertinagem e desejosas de fazerem chegar ao ministério da Justiça o seu clamor diante de tanto desrespeito para com uma considerável parcela da sociedade . Destarte a responsabilidade de pais e responsáveis sobre a liberdade de escolha em relação ao que deve ou não ser visto pela TV em seus respectivos lares, devemos lembrar que canais de Tv são concessões do governo federal e que, por isso, o mesmo deve também ser apontado como co-responsável por tantos abusos e insubordinação….. ou não? É muito fácil de entender que na busca por audiência e conseqüentemente por (muito) dinheiro, algumas poderosas emissoras sequer tenham o mínimo de pudor e não dêem ouvidos às vozes que levantam-se contra as mesmas. Quem viveu a época em que o nosso país esteve sob o regime militar, sabe bem que passamos muito rapidamente pelos períodos de censura, liberdade vigiada ,democracia plena e libertinagem e o que, certamente, deu margens para que abusos fossem cometidos de maneira leviana até ao ponto dos mesmos serem publicamente confessados pelo,então, todo poderoso diretor-presidente da Rede Globo, sr. Roberto Marinho, que chegou mesmo a referir-se às recomendações do Papa João Paulo II sobre os deveres das emissoras de televisão, quanto às mesmas preservarem os valores morais da sociedade. Programas apelativos sobre esse tema e filmes que contenham cenas de sexo ou de extrema violência deveriam ser exibidos apenas pelo sistema “pay per view”. Não sou contra o que ou quem explora aqueles temas em função única de arrecadar (muito) dinheiro ou sequer a favor de cortar, “amputar” ou mutilar produções diversas que tratam daquilo; sou a favor, sim, que estabeleça-se rígidos critérios de acesso às mesmas e em nome do bom senso. A esse respeito lembro ainda que o nosso governo deveria seguir as orientações do Comitê para os Direitos da Criança na ONU e da UNESCO, quanto a assumir uma atitude concreta de proteção aos direitos da criança quanto à comunicação de massa e quanto mais se atentarmos para o fato de que, hoje em dia, é grande o número de pais que trabalham fora de casa e que, por isso, o acesso de crianças a programas e filmes de TV potencialmente danosos à sua formação é, indubitavelmente, facilitado. É evidente que a proibição de todo o acesso a cenas de sexo e violência em eventos midiáticos por crianças é, sim, impossível; mas caberia ao governo uma maior vigilância sobre esse tema. Ser tolerante com o inadmissível está cada vez mais difícil neste país.

Agente Social – Uberlândia-MG