Gustavo Hoffay*

Não tolero, não agüento, não suporto, tá difícil, assim não dá….Enfim, onde está a nossa aceitação frente a tantas tragédias originadas de criminosos que pululam as nossas ruas, pulam nossos muros, invadem nossas casas, assaltam-nos em qualquer lugar ou hora, matam e estupram ? Não, nós não temos aceitação! O que cabe a cada um de nós, cidadãos comuns, fazer em situações de risco de morte e quando sob as ameaças de bandidos diversos e até reincidentes no submundo da criminalidade? Não, nós não podemos revidar; devemos nos entregar e mesmo que vislumbremos alguma chance de contra-atacar. Pior: a bandidagem sabe disso e aproveita-se disso! O que esperar da policia quando queixamos ou a alertamos quanto a presença de suspeitos rondando a nossa casa ou local de trabalho? Quanto tempo deve-se esperar pela ação da polícia, antes que bandidos finalizem suas ações criminosas e em seguida fujam com os os nossos pertences ou mesmo consumam seus atos ferindo de morte as suas vítimas? Porque tantos menores de idade continuam envolvidos com práticas ilícitas e nocivas à sociedade, quando poderiam estar estudando e/ou trabalhando? Porque as suas respectivas famílias não promovem a inclusão desses seus filhos em uma vida sadia em sociedade e a partir, por exemplo, de projetos sociais de ONG’s e do próprio estado? O que pensam nossos jovens sobre outros de sua idade e que saem cometendo crimes diversos em praças, becos, escolas, igrejas e outros locais públicos? O que falar sobre adolescentes que cometem suicídio e daquelas meninas que ficam grávidas tão logo alcançam a puberdade? O que pensar sobre um adolescente empunhando uma metralhadora ou um fuzil, enquanto atirando contra pessoas inocentes e absolutamente indefesas? E os jovens intolerantes em relação a opção sexual dessa ou aquela pessoa? A intolerância diante algumas circunstâncias sociais está nos jovens ou seria a tolerância dos seus pais a co-autora e inspiradora de atos incomuns e nocivos à sociedade? Penso que diante de tanta superficialidade vivida e praticada por muitos dos nossos jovens, chega-se facilmente à conclusão que considerável parte deles está vazia de nobres propósitos de vida, não tem a mesma tesão por uma vida sadia e solidária, está revoltada por qualquer coisa e deixa-se levar facilmente por opiniões alheias. Nesse mesmo contexto, vejo a nossa democracia transformando-se em alvo de contestações juvenis inúteis e baseadas no “disse-que-me-disse” ou em opiniões de pessoas que possuem algum tipo de autoridade sobre os nossos jovens. Boa parte da juventude brasileira, talvez desejando firmar-se a partir de suas posições frente a grandes polêmicas sociais e/ou políticas daquilo que lhe é próximo, parece ter um comportamento baseado em um analfabetismo ideológico e sustentado por inconvenientes agentes do caos político/partidário. Está faltando, imagino, uma interação maior entre filhos e pais quando o assunto é política e sob qualquer prisma. Há famílias que concordam apenas com a educação política que seus filhos recebem das ruas, enquanto quase nunca os questionam a respeito de determinado assunto de interesse nacional. Isso seria uma forma de testar a tolerância daqueles jovens em relação a temas que despertam o interesse coletivo.Sabemos todos que a educação básica deve ter origem nos lares e que cabe as escolas complementarem com algo mais.O começo de tudo está no lar: o sentimento e a prática da humildade, da disciplina, da educação, do respeito ao próximo e às opiniões contrárias. Não cabe aos pais, eu penso, encherem a cabeça dos filhos com incitações à violência, maus exemplos de condutas familiares e sociais, de ideologias políticas ou de formulas absurdas de como resolver conflitos diversos.Nada de desamor e ódio na educação dos nossos jovens; talvez ,até, algumas palmadas…sim! Antes isso que discursos domésticos racistas ou impregnados de impropriedades ideológicas que possam direciona-los rumo a uma intolerância e um desamor destrutivos, vorazes! E tudo isso seria muito ruim para eles, para todos nós. Quer ser contrário, seja; quer contestar, conteste. Mas venha e traga consigo pareceres, sugestões e idéias próprias baseadas no bom senso e preferencialmente na lógica. Isso sim, seria muito bom para eles, para todos nós.

*Agente Social/Uberlândia-MG