Ivan Santos*

Agora não adianta protestar, espernear, lamentar o leite derramado. O homem foi eleito e está empossado. Tem quaro anos para exercer o mandato em nome de 57 milhões de cidadãos brasileiros, homens e mulheres. Na semana passada o chefe do poder publicou um artigo de autor desconhecido no qual uma das revelações indica que o Brasil, com democracia, é ingovernável. Na democracia o chefe do governo precisa respeitar as leis e acertar atos do governo com os representantes do povo no Parlamento. Lá estão os representantes dos que elegeram e dos que nele não votaram. Não é fácil alcançar consenso entre contrários. Ditadura é melhor porque neste regime só um chefe manda. Foi este o recado que ficou exposto na publicação anônima que se tornou real com a divulgação do texto sem dono no espaço virtual controlado pelo Presidente.
Ficou evidente que no entender do chefe do governo do Brasil, o texto, por ser “leitura obrigatória para quem procura se antecipar aos fatos”, não é possível governar o Brasil com divergências num Parlamento recheado de corruptos e oportunistas. Seriam as “forças estranhas” denunciadas no passado pelo presidente Jânio Quadros, que renunciou ao mandato por causa delas? O estranho texto parece ter sido encomendado para produzi refeitos colaterais no meio político.
A lição que ficou foi a de um presidente autoritário que gostaria de governar soberanamente sem ter que negociar com representantes do povo. Não é o despreparo do mito para governar que embola o jogo no meio do campo, é o establishment (ordem ideológica da esquerda) que está a emperrar o governo e aumentar o desemprego e a desindustrialização.
O presidente recomendou que o texto apócrifo fosse passado adiante para o conhecimento de toda a Tigrada da direita. Assim, quem faz esta sugestão passa a ser coautor da denúncia contra o “sistema”.
O Mito começa a pousar de ator de “salvação nacional”. O cenário nacional está com cara de bu-bu-bu no bó-bó-bó. Credo!

*Jornalista