Autor: Rafael Moia Filho*

“Jornalismo é publicar o que alguém
não quer que seja publicado:
todo o restante é publicidade”
George Orwell

A cidade de Bauru conhecida na década de setenta como “Princesa da Noroeste” hoje é uma cidade repleta de buracos, sujeira e problemas. Vivemos uma triste sina no centro oeste paulista, numa cidade nascida ao redor dos trilhos de um importante entroncamento ferroviário fundada em 1896, parte integrante da Marcha para o Oeste, impulsionada pelo governo de Getúlio Vargas como incentivo ao progresso e a ocupação da região central do Brasil. No começo do século XX o município começou a ganhar infraestrutura e a população aumentou com a chegada da ferrovia e, mais tarde, das rodovias.
Hoje passados muitos anos, convivemos com uma epidemia de Dengue, com mais de 13 mil casos registrados e doze mortes confirmadas além de outros que estão à espera da confirmação do Instituto Adolfo Lutz.
Uma cidade suja, mal administrada, com deficiência crônica no atendimento à população no que tange a saúde pública. Com déficit de mais de cem leitos hospitalares incluindo leitos de UTI. Com precariedade no sistema de controle de medicamentos ainda não sistematizados para facilitar o acesso do munícipe.
Embora com recurso federal destinado a fundo perdido, a administração municipal não conseguiu a conclusão da obra da Estação de Tratamento de Esgotos, que já dura mais de quatro anos, com atraso na entrega e problemas graves com relação aos projetos elaborados por empresa contratada para tal tarefa.
Uma cidade com transporte público de má qualidade, contrastando com preço elevado das passagens que estão no mesmo nível financeiro das grandes capitais brasileiras.
Embora com seu segundo prefeito ambientalista nos últimos doze anos, a cidade sofre com a indefinição quanto à destinação do lixo orgânico e não tem capacidade de aumentar sua coleta de recicláveis. Não consegue expandir a captação de água potável, enquanto seu Departamento de Água e Esgoto – DAE desperdiça milhões de litros de água tratada em centenas de vazamentos pelas ruas da cidade.
A inércia de seus gestores colabora para afugentar empresas instaladas no município, enquanto as cidades vizinhas como Agudos, Lençóis Paulista, Pederneiras captam novos investimentos gerando milhares de empregos aos seus munícipes.
O poder concentrado de alguns grandes grupos denominados de “Donos da Cidade” é outro fator que desestabiliza e prejudica novos negócios para a cidade, trancando tudo que possa na visão de seus mandatários “atrapalhar” seus lucros. Com isso o aeroporto recebe um ou dois voos semanais para a Capital e fica praticamente abandonado.
Sem ferrovias, sem movimento de cargas no aeroporto construído erroneamente pelo governo estadual, o município deixa de ser o grande entroncamento logístico do Estado. Perdendo negócios, dinheiro e investimentos nacionais e estrangeiros.
Nos últimos vinte e cinco anos, se sucederam na Prefeitura políticos sem capacidade para administrar a cidade com visão de futuro, conhecimento técnico e probidade para com o erário. Suficientes para alavancar o desenvolvimento da cidade, conseguindo novas empresas geradoras de empregos e obras que pudessem se instalar na cidade.
Gestores capazes de resolver problemas como a implantação de um Instituto de Planejamento para a cidade, a urgente ampliação dos leitos hospitalares e de UTI, conclusão da usina de tratamento de esgoto e construção de uma nova estação de captação de água potável, executar os serviços de limpeza e dar ao município uma educação de qualidade.

*Escritor, Blogger, Graduado em Gestão Pública.