Gustavo Hoffay*

Causou-me profunda estranheza a declaração do atual presidente do Superior Tribunal Federal, Dias Toffoli, quanto ao fato de alguns brasileiros estarem usando de algumas redes sociais para lançar ácidas críticas contra alguns membros daquela egrégia instituição. Francamente? Estranho seria, penso, se a grande maioria de nós concordasse inteiramente em gênero,numero e grau com algumas controvertidas e polemicas decisões originadas de um grupo de juristas que deveria ser admirado, aplaudido e até mesmo invejado por sua incomum capacidade quando da prática do seu ofício. Decisões, algumas, que chegam às raias da tolerância popular. Entendo muito bem que aquela mesma maioria de tupiniquins não tem um perfeito e necessário conhecimento de leis para julgar o que aqueles meritíssimos – sábios e togados – ministros decidem mas, por outro lado, não sentimo-nos nem um pouco seguros ou ao menos mentalmente confortáveis com alguns dos seus pessoais pareceres e que, eventualmente, batem de frente com a opinião e a sede de justiça de dezenas de milhões de brasileiros “instigadores” e “analfabetos jurídicos injuriados ”. Evidentemente não refiro-me aqui a ofensas,pois esse tipo de agressão nem todo ser humano tem a obrigação, capacidade e humildade de aceita-la racionalmente, mas quanto a críticas dirigidas àqueles senhores togados, bem, essas teriam de ser selecionadas, pesadas, analisadas e criteriosamente julgadas a partir de um discernimento baseado no direito de expressão e o qual é defendido pela nossa Constituição Federal. Críticas, ora críticas….! Seriam aqueles magistrados mais sensíveis às reações negativas da sociedade do que algum outro ser humano? Eles estão expostos, sim, em uma vitrine pública e de visibilidade mundial a partir de transmissões ao vivo, a cores e sem cortes pelos principais meios de telecomunicação. Se desejarem sentir-se livres de críticas ou ofensas, então que proíbam a cobertura dos seus julgamentos pela imprensa e cerrem as portas da Justiça aos olhos daqueles a quem deve servir e defender. A existência de “milícias digitais que desestabilizam o país”, segundo aqueles mesmos juízes sugerem,pode até estar ocorrendo mas não a um nível que exceda a capacidade governamental de detectá-las, vencê-las e julgar convenientemente os responsáveis, do contrário seria prova inconteste de fértil e característica imaginação de quem ocupa e exerce o poder a partir do Planalto Central. Críticas a qualquer decisão do poder Executivo ou Legislaivo, sim, essas existem e são necessárias para esquentar e dar ainda mais vida a tudo aquilo que é feito para a honra e a felicidade geral da nação. Entender ou não as decisões de qualquer tribunal de justiça é um direito de qualquer cidadão, mas concordar com elas são “outros quinhentos”, como diriam minhas saudosas avozinhas. Digo, re-pito e tri-pito, sem qualquer receio de ser criticado: algumas autoridades governamentais que se julgam intocáveis precisam rever os seus conceitos a esse respeito, mudarem de “profissão” ou mesmo de país. Preferencialmente um país onde a democracia seja apenas um “sonho de verão”, uma utopia! Interessante observar o que disse o ministro-presidente Tofolli: -“Não existe estado democrático de direito e nem democracia sem um judiciário independente e sem uma imprensa livre”.Tudo bem….mas o cidadão também não pode ser livre para expressar o que pensa a respeito do atual corpo de ministros do STF?

Agente Social – Uberlândia-MG