José Carlos Nunes Barreto*

“Temos a obrigação de inventar outro mundo, porque sabemos que outro mundo é possível. Mas cabe a nós construí-lo com nossas mãos, entrando em cena no palco da vida” Augusto Boal
Vi a cerimônia de entrega de novos ônibus em Uberlândia MG, semana passada, em época de sérias acusações sobre propinas, de empresas de ônibus no Rio, esquema existente há pelo menos 30 anos , desde a privatização do serviço naquele estado. Afronta a inteligência média do povo, o fato da falta de transparência estrutural desta “megacity”-Uberlândia, uma das piores do país, muito atrás de cidades médias como Uberaba, e da própria União, ao esconder esta operação ( e outras) e seus custos, em quanto tempo ela se paga, por exemplo, com o preço atual da passagem…
A semi – delação sem prêmios, do ex – governador Cabral, tem jogado luz nesta pirâmide de propinas( as empresas de ônibus – existem outras, clássicas, como empresas de recolhimento de lixo), que colocou na cadeia , após julgamento na lavajato, parte dos poderes executivo, legislativo e judiciário no Rio de Janeiro. Pois temo que este modelo esteja em funcionamento em todo Brasil, inclusive em nosso torrão…Triste e rico País, que apesar de tantos propinodutos e lideranças corruptas, ainda não quebrou- por isso mudamos o voto, buscando uma agenda de novos governos para recuperá-lo…Estamos, portanto, correndo atrás dos desvios de rota deste objetivo, nos três níveis de gestão do Estado brasileiro: municípios, estados e união, no caso, nesta gestão uberlandense.
Com a palavra o ministério público, para exigir seja feita a adequação da transparência, neste município que já é o segundo de Minas, um dos maiores do Brasil, sendo o maior centro de logística da AL. E esta seria uma vacina contra a tentativa de desviar dinheiro público, nestas operações, ou pelo menos dificultar muito. Incrível que não tenha sido feito ainda! Em um lugar onde se tem evidências de enriquecimento ilícito de uma elite, que repete, ao que parece, o que se vê em todos os cantos do País, na esteira da lavajato. Eles enriquecem, enquanto a economia real anda de lado, ocasião em que empresários honestos sofrem para manter seus negócios, e trabalhadores perdem seus empregos, aos milhões, numa verdadeira catástrofe social.
O prefeito atual aproveitou uma época em que estava nas cordas, com a crise da dengue, para fazer o anúncio desta compra e entrega de novos ônibus(necessários, mas quando, em que número, e com qual qualidade…) com pompa e circunstância. Esta é a cartilha do poder desde sempre. Isso, após culpar a falta de recursos (muito menores em escala), para manter o processo contra o vetor da dengue, Zica vírus e Shikungunha, que saiu fora do controle segundo seu secretário de saúde, causando perdas de vidas e adoecendo as populações. De novo queremos saber, Sr prefeito, quanto se gastou com ônibus, porque e quanto se deixou de gastar com a dengue no município, na hora certa, ou seja antes do período de chuvas. Uma questão elementar de transparência, que através deste artigo, coloco em pauta , no Ministério Público federal / estadual, e na câmara municipal, que espero, desta vez ,não lave as mãos como Pilatos, da mesma forma que tem feito em outros temas cruciais para o município, decepcionando a todos ,e prejudicando a vida dos contribuintes.

*Pós – doutor e sócio diretor da DEBATEF Consultoria