Gustavo Hoffay*

Recentemente o mundo assistiu pela TV e pela Internet, o Papa Francisco negar a sua mão direita a alguns fiéis que desejavam beijar o seu Anulus Piscatoris ou seja: o anel que representa o símbolo oficial do sucessor de São Pedro, um pescador. Diante da barafunda popular que seguiu-se àqueles atos e principalmente a partir de membros de movimentos cristãos que surgiram no século 17 e imediatamente após a Reforma Protestante, o Vaticano logo tratou de esclarecer que a negativa ao ato do ósculo no anel papal por populares tratava-se, apenas, de uma forma de prevenção quanto a possível transmissão de alguma bactéria ou mesmo de algum vírus. Em vista desse especial cuidado para com aqueles fiéis que o cortejavam, injustamente Francisco passou a ser alvo de críticas e contestações, oriundas também das alas liberal e conservadora da Santa Igreja Católica. Não há quem não veja o tamanho despropósito de tais afirmações, apaixonadas e tendenciosas. E isso é nocivo à Igreja e à humanidade! Ora, francamente….Se existem motivos para não aprovar publicamente aquele atitude do Sumo Pontífice em assuntos disciplinares inerentes àquela sagrada instituição, melhor seria se os católicos insatisfeitos se dirigissem diretamente à Santa Sé e ali registrassem os seus protestos. Interessante observar que o Papa Francisco é, ao mesmo tempo,acusado de “conservador” e de “progressista”, “fechado” e “liberal”. Julgo, sim, que as constatações nesse sentido nascem da falta de exatos conhecimentos e oriundos de precipitados juízos- unilaterais e passionais, prejudicando uma igreja que muitos dos próprios contestadores almejam preservar,amar e fomentar. Percebi, após algumas pessoais ponderações,que aquela atitude do Santo Padre tencionava apenas orientar ou abrir pistas que sugerissem soluções para casos futuros. E quem critica Francisco deveria, antes, possuir razões sérias baseadas em sólidos princípios, pois o que o Papa propunha era certamente fundamentado em científicas observações de profissionais da saúde pública. Ademais, um julgamento precipitado sobre aquela sua atitude, supõe uma visão de conjunto das situações que um simples fiel ( por mais erudito que seja)jamais pode ter. Esse (e qualquer outro) Papa não fala ou age de maneira afoita, mas consciente da complexidade dos problemas temporais e de maneira a conhecer profundamente as questões inerentes à fé católica e outros temas diversos, como poucas pessoas as conhecem no mundo atual. Nada se opõe a que Francisco altere cerimônias e ritos da Igreja Católica, contanto que isso não afete os artigos da fé. Aliás, é mesmo necessário (como foi) que se empreendam tais atitudes e sempre que evidentemente ditadas pelas exigências dos tempos. Em suma, verifico que muitos dos fatos alegados para justificar a contestação de “católicos” ou não diante daquela atitude de Francisco, são absolutamente inconsistentes!

*Presidente do Conselho Deliberativo da Fundação Frei Antonino Puglisi
Ministro da Eucaristia