Ivan Santos*

O bate-boca entre o presidente Bolsonaro e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, no fim da semana passada foi um espetáculo surrealista. Maia se queixou de que o presidente passa a maior parte do tempo ligado no twiter “conversando com o  povo” e deixa a articulação política da reforma da Previdencia por conta de outras pessoas.

Bolsonaro, que é muito esperto, quer aprovar a antipática reforma da Previdência, mas insinua que a decisão é do Congresso. Não vai dar pé. Pode dar bububu no bó-bó-bó. O deputado Rodrigo Maia, hoje não tem mais dúvida de que as trapalhdas postadas no twitter pelo 02, Carlos Bolsonaro, filho do presidente, não são decisões isoladas, mas compartilhadas com o chefe, para embaralhar o jogo e manter apoio incondicional da Tigrada ao governo.

O presidente Bolsonaro continua a criticar ironicamente o presidente da Câmara e isto poderá aumentar a temperatura da crise. Do áspero debate da semana passada destacou-se uma situação: o governo do presidente Bolsonaro não tem articuladores políticos e, até agora, não tratou de organizar uma base de apoio no Congresso porque o chefe entende que isto é velha política.

Sonhar que o governo conseguirá aprovar no Congresso um projeto impopular como o da Reforma da Previdência sem fazer articulação polítca fina, é um sonho quimírico que nenhuma nova políticca consegurá concretizar hoje, no Brasil.

O presidente Bolsonaro precisa compreender que uma coisa é um discurso de campanha e outra é uma articulação política com os pattidos e com as representações parlamentares, para governar. É assim em todo o mundo em sistemas presidencialistas, mistos ou parlamentaristas.  As monarquias absolutistas já foram  banidas do mundo. O presidente Bolsonaro precisa se dar conta de que ele não conseguirá governar com o povo, pelo twitter. Para aprovar a Reforma da Previdência são necessários 308 votos na Câmara dos Deputados em dois turnos de votação e hoje, o Governo só conta com a metade. A próxima semana promete novas emoções…

 

*Jornalista