Ivan Santos*

Os podres do Brasil, que ainda têm algum trabalho remunerado, poderão ser condenados a pagar o enorme rombo deixado por sucessivos governantes nacionais na conta da Previdência Social. A Equipe Econômica que preparou o projeto de recuperação da Previdência queria reduzir o Benefício de Prestação Continuada (BPC) pago, no valor de um Salário Mínimo, a pobres sem meios de sobrevivência. Uma aparente reação pública contra essa iniciativa fez com que o Governo recuasse neste item, mas a Equipe do poderoso Paulo Guedes preparou outras maldades. Uma delas é o fim do abono salarial. Esta providência vai atingir mais de 23 milhões de trabalhadores de baixos salários. Só 10% da massa assalariada que ganha até um salário-mínimo continuará a receber abono salarial.

    O ministro da Economia parece querer amealhar 1 Trilhão de reais ao longo de 10 anos, com a redução de ganhos do trabalho e outros confiscos. Para alguns observadores, essa política vai contribuir para reduzir mais ainda o consumo e serão diretamente prejudicados os consumidores, o comércio e a indústria.

    Para alguns economistas, que não são da situação nem da oposição política, a conta da equipe econômica do Governo não fecha e ainda ameaça retirar do mercado, ainda neste ano, mais de R$ 150 bilhões. Assim, a intenção do Governo, de retirar as amarras trabalhistas para gerar novos empregos, poderá ser um engodo monumental. Com milhões de consumidores com baixa renda, não haverá reaquecimento no mercado e todos perderão, inclusive o governo, que menos tributos arrecadará.

    Nos EUA, Bolsonaro e Paulo Guedes pediram aos capitalistas que investissem no Brasil. Capitalista não faz favor a ninguém, não acredita em papo-furado e só aplica dinheiro onde percebe que haverá retorno garantido. Enquanto o mercado no Brasil se mantiver alimentado por consumidores de baixa renda, os investidores ficarão distantes da Terra de Santa Cruz. Podem acreditar, senhoras e senhores.

*Jornalista