Ana Maria Coelho Carvalho*

            Em uma loja, encontrei uma mulher jovem, vestida de maneira simples, carregando nos braços uma menina de cerca de seis anos, com deficiência física. Os bracinhos muito finos e as pernas tortas, a cabeça tombada para o lado, os olhos perdidos, o vestido da moda, estampadinho de flores. A mãe envolvendo-a com firmeza e carinho, carregando-a por todo lado, enquanto separava algumas roupas para levar no caixa da loja.

            Fiquei então pensando na grandeza daquela mãe, uma mulher de verdade. E resolvi escrever sobre as mulheres: Marias, Terezas, Patrícias, Antônias. Mulheres que fazem de tudo: lavam, passam, cozinham, pintam, arrumam armários, limpam geladeiras, juntam roupas e brinquedos, carregam compras, colocam flores nos vasos, fazem malabarismo com o orçamento doméstico. Ensinam o filho a andar e a falar, a deixar a chupeta, a não brigar com os irmãos. Beijam, abraçam, contam histórias, colocam de castigo, puxam as orelhas. Levam e buscam o filho na escola, ensinam os deveres e os valores morais. Passam noites acordadas, esperando o filho adolescente chegar. Conhecem os medos e os sonhos secretos de cada um. Trabalham fora o dia todo e ao chegar em casa, encontram a família faminta de comida e de amor. Dançam, cantam, se apaixonam muitas vezes, nem que seja pelo mesmo homem. Outras trocam de amores, pois concluem que o amor é eterno, o que muda são os amantes. Sofrem e choram às escondidas, mas enxugam as lágrimas quando percebem uma luz no fim do túnel. São capazes de rir até às lágrimas lendo histórias em quadrinhos da Mônica e do Cebolinha. E também de se derreterem em lágrimas assistindo novelas e filmes românticos. Capazes ainda de grandes gestos de abnegação e de amor, como passar toda uma vida cuidando de filhos deficientes. Misto de força e ternura.

            Enquanto umas lavam roupa para fora, outras preparam aulas, operam pacientes, dirigem empresas, varrem as ruas, pilotam aviões. Tropeçam nas pedras ao longo do caminho e caem, mas levantam, sacodem a poeira e dão a volta por cima. E entre uma coisa e outra, se depilam, se maquiam, passam cremes, fazem dieta, malham, compram roupas novas. Querem ser bonitas.

            Tentando entender as mulheres, vários autores escrevem livros sobre o assunto, como: “Por que os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor?”, de Allan e Barbara Pease. Os autores comparam homem e mulher, utilizando a Biologia Evolutiva e pesquisas sobre o cérebro humano. Citam fatos interessantes do comportamento feminino, como: as mulheres nunca chegam aos lugares certos pelo caminho mais lógico, pois não têm habilidade espacial como o homem. São capazes de perceber uma meia suja no chão à distância, mas não enxergam a luzinha vermelha do motor do carro piscando. Adoram manter contato e tocar nas pessoas, mas não gostam de quem “gruda”. Possuem um sexto sentido capaz de entender a linguagem dos bebês, prever fins de relacionamentos, conversar com animais, descobrir a verdade. O cérebro feminino é programado para ouvir choro de criança à noite e para fazer várias coisas ao mesmo tempo, como ler, falar e ouvir, enquanto o homem só faz uma. Falam mais que os homens, pensam em voz alta, tem mais facilidade de se comunicarem. São mais resistentes à dor.

*Bióloga