Ivan Santos*

O presidente Bolsonaro enfrentou neste final de semana a primeira crise no governo com o desentendimento dele com o ministro chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Gustavo Bebiano. Este parece ser um homem que sabe muitos segredos de alcova.
Na imprensa tradicional e na moderna mídia conhecida como redes sociais, muitos atribuem o desentendimento a uma intervenção de Carlos Bolsonaro, filho do presidente e vereador no Rio de Janeiro, que seria desafeto do ministro.
O presidente precisa estar preparado para intervenções externas no governo, a avalia-las e ignorar as nocivas lançadas por palpiteiros.
A história destaca dois famosos palpiteiros: na Rússia, o místico Raputin, que influenciou na Corte do czar Nicolau II; no Brasil, o português Francisco Gomes da Silva, conhecido por Chalaça. Este personagem tornou-se companheiro de farra de D. Pedro I e um dos maiores palpiteiros no Primeiro Império. Carlos Bolsonaro aparece neste governo como um Chalaça moderno. O presidente não precisa esforçar-se para mudar o filho. Ele, o presidente, é que precisa mudar e deixar de dar atenção a falatórios e insinuações.
O presidente Bolsonaro precisa assumir o comando do governo e governar com soberania, independência e em harmonia com os outros poderes da República: Legislativo e Judiciário.
Sempre haverá um Chalaça a tentar influir no governo: um companheiro de partido, um amigo, um lobista, um especulador, um parente, um aderente ou um charlatão. O governante precisa estar sempre atento e decidir sempre, sem dar atenção a falatórios e insinuações. No presente incidente entre o presidente Bolsonaro e o ministro Bebiano, a tradição política ensina que um vaso de porcelana quebrado não tem conserto. Por mais perfeita que seja a restauração, sempre pode ficar um sinal a indicar que houve uma quebradura. A saída racional no incidente ocorrido entre o presidente Bolsonaro e Gustavo Bebiano é a demissão imediata do ministro. Não cabem remendos nem restaurações.

*Jornalista