Rafael Moia Filho*

Há pessoas neste mundo que gastam todo
o seu tempo à procura da justiça, não lhes
sobrando tempo algum para a praticarem.
Henry Billings Brown

Com uma frequência assustadora assistimos o noticiário divulgar quase que diariamente a ocorrência de tragédias das mais diversas em nossas cidades. Incêndios, alagamentos, desmoronamentos, naufrágio de barcos e balsas, desastres ambientais, etc.
Com eles se vão vidas, muitas ficam com sequelas físicas e mentais para o resto da vida. Sem contar os prejuízos diretos para a sociedade, o Estado e o meio ambiente.
Em comum, boa parte delas poderia ser evitada se a sociedade cumprisse as leis e, se o governo em seus três níveis de poder aplicassem as regras e leis existentes.
O brasileiro em geral não leva a sério muitas coisas, pensa que o problema é dos outros e não de todos. Muitos ignoram as leis, as regras de segurança, os avisos de proibição e com isso acabam se expondo a riscos desnecessários.
O governo em toda sua extensão não fiscaliza aquilo que as leis preconizam, muitas vezes sequer dá o exemplo tão importante para que todos possam perceber a importância daquilo que está sendo proibido.
Assim, barragens que deveriam ser proibidas ou fechadas acabam sendo aprovadas mesmo que o relatório de fiscalização assim preconize, pois alguém em algum alto escalão trocou o cumprimento da lei por propina ou favores diversos.
O brasileiro comum muitas vezes não respeita regras contra a pesca predatória, não consegue sequer dar seta no seu veículo, respeitar semáforos ou a famosa placa de PARE nos cruzamentos espalhados pelas nossas cidades.
As prefeituras não se adequaram a Lei Ambiental com relação aos seus antigos lixões. O cidadão comum joga lixo nos terrenos e dos seus carros quando está se locomovendo. Ou seja, nem a sociedade nem o Estado praticam aquilo que se chama ordem e progresso.
Incêndios acontecem por faltas de cuidado ou descumprimento de normas de segurança em prédios comerciais e edifícios residenciais. Pessoas colocam fogo em terrenos para não gastarem com o serviço de limpeza. Outros queimam área na lavoura e acabam colocando em risco matas ciliares e grandes extensões de reservas ambientais.
O oceano e os nossos rios são verdadeiros depósitos de lixo, poluindo e matando a vida de centenas de animais da nossa fauna. O sujeito vai à pescaria ou a um passeio e tem a capacidade de jogar garrafas Pet no rio ou na mar. O famoso povo contra o povo.
De que adiantam termos tantas leis, se não temos fiscalização a altura e nem educação para podermos viver em sociedade no Brasil? Como explicar que o Senado Federal com 81 membros eleitos pelo povo consegue numa eleição interna ter 82 votos?
A nossa maior tragédia está nos bancos escolares e no seio das nossas famílias onde a educação deixou de ser prioridade, os pais vivem alheios à necessidade de formar um filho para o mundo, ao invés disso estão criando pequenos monstros sem educação, sem respeito e que não conseguem da adolescência em diante ouvir não como resposta.

*Escritor, Blogger e Gestor Público