Ivan Santos*

Se o presidente Bolsonaro retornar hoje ao–ou até no fim desta semana ao Palácio ao Planalto, encontrará um governo que precisa aprovar projetos decisivos no Congresso, mas ainda não tem uma bancada com número suficiente de parlamentares para aprovar matérias que exigem quorum qualificado como a Reforma da Previdência e a Tributária. O presidente vai encontrar muito trabalho à frente. Primeiro terá que arrumar a casa e unir os ministros em torno dos objetivos do governo. Em seguida, definir quem, de fato e de direito,  falará pelo presidente da República nas negociações com os parlamentares. Bolsonaro já deve estar convencido de que em matéria de articulação política nada mudou no Brasil. Nenhum parlamentar apoiará projetos desgastantes, de interesse do governo, sem troco. A campanha eleitoral acabou. Antes de iniciar a coordenação política, Bolsonaro vai precisar organizar a Comunicação do Governo. A voz das redes sociais é voz do povo que desconhece que em articulação política não há ponto sem nó. O presidente também precisa ensinar esta lição ao líder do Governo na Câmara, deputado de primeiro mandato, Victor Hugo (PSL-GO). Ele precisa aprender a linguagem do politiquês que não acabou no Parlamento do Brasil. Hoje o presidente Bolsonaro só pode contar com 22% dos votos na Câmara e 7% no Senado. Com este quórum não será possível aprovar reforma constitucional. O presidente Bolsonaro, ao retornar à Brasília terá enorme trabalho pela frente para formar uma Base de Apoio e pode esquecer as promessas eleitorais de fazer diferente. Vai ter que conversar com os líderes dos partidos e com os coronéis da política nacional. Calados e pacientes eles estão esperando para apresentar as regras tradicionais do jogo político. Isto não é matéria para discutir em redes sociais. E jogo jogado de bastidores da política, na calada de uma noite clara ou escura.

*Jornalista