Ivan Santos*

No Brasil, os conservadores, entre os quais membros ativos de várias igrejas, organizam-se para pressionar o Governo por pautas de costumes a serem discutidas no Congresso com prioridade, em relação às pautas econômicas e à reforma da Previdência. Por exemplo, o Estatuto da Família para definir que no Brasil a lei só reconhecerá uma família formada por um homem e uma mulher e a Escola sem Partido. É inacreditável, mas muitos desses líderes políticos conservadores, que conquistaram um mandado na última eleição, não manifestam preocupação com 12 milhões de pessoas, a maioria jovens, que estão no mercado sem emprego e sem renda. É impossível que entre astros e estrelas da “nova política” não haja quem perceba que há no Brasil mais de 20 milhões de pessoas que mourejam no subemprego e na informalidade e que recebem nada além de um salário mínimo por um mês de trabalho. Fingem não perceber também que num ambiente como este não há estímulo ao aumento da produção de bens econômicos porque não há mercado com renda suficiente para estimular o consumo. A economia do Brasil está emperrada e os investidores em produção esperam por uma reforma tributária que lhes permita competir no mercado interno e no externo com outros agentes econômicos. A pauta de costumes é importante, mas a pauta econômica, no Brasil atual, é urgente. O equilíbrio das contas públicas e o combate radical à corrupção são também pautas prioritárias. O Senado e a Câmara, indispensáveis para discutir e votar as reformas, seguem parados à espera do presidente Bolsonaro que cuida da própria saúde num hospital em São Paulo. Na Câmara Federal, vários deputados já revelaram sutilmente, que não querem conversa com intermediário; preferem conversar com quem tem poder para nomear, demitir e liberar recursos do orçamento. A nova política não mostra que é realmente nova como muitos pensam. Na prática está tudo como dantes ou como sempre foi.

*Jornalista