Gustavo Hoffay*

Foi-se o tempo em que era muito comum usar-se a palavra “fazendinha”, para designar comunidades rurais especializadas na divina tarefa de reabilitação de dependentes químicos. Principalmente depois do advento da Secretaria Nacional Antidrogas,criada pela Medida Provisória 1.669 de 1.998 e posteriormente transferida para a estrutura do Ministério da Justiça no ano de 2.011, as ditas “fazendinhas” passaram a ser reconhecidas na qualidade de “comunidades terapêuticas”, denominação esta que até aos dias de hoje continua caracterizando aqueles sítios de reparação humana e desde que oficialmente reconhecidos por órgãos governamentais, especialmente aqueles relacionados à Saúde, Desenvolvimento Social e regulados, também, pela Agencia Nacional de Vigilância Sanitária. E para dizer-se recuperado para uma nova vida longe das drogas, não basta à pessoa dependente de substâncias alteradoras do humor abster-se do uso das mesmas. Fortificar a personalidade e o caráter, além de imbuir-se de espiritualidade cristã são princípios decisivos para que um recuperando passe a ter atitudes de coragem, esperança e otimismo frente as tentações e tarefas presentes na vida de qualquer cidadão. Em uma comunidade terapêutica fala-se vivamente em Deus ou em um Poder Superior e cuja presença parece ainda mais sentida no silêncio daqueles lugares. Ouso até dizer que ali descobre-se melhor a Deus, pois não há ali o rebuliço das grandes cidades e que tanto interfere numa necessária concentração para um dialogo com Ele.E faz muito bem a qualquer dependente químico e sério candidato a uma nova vida, usufruir seu tempo de reabilitação em contato com a zona rural e enquanto na companhia de colegas de “caminhada”, coordenadores e voluntários diversos. E tudo o que é oferecido por um reconhecido programa de reabilitação de dependentes químicos, pode vir a ser de vital importância na vida futura de um recuperando e isso dependerá apenas dele mesmo. Ali ensina-se a viver o espírito da humildade, enquanto despertando no interno a consciência de que ele, enfermo, está envolvido pelo poder criador e misericordioso de Deus. Impressionante, também, o valor do auxilio fraterno naquelas comunidades, quanto mais se considerarmos que o melhor amparo que os internos/pacientes podem ter, depois de Deus, é o afeto, a solidariedade e a benevolência de seus amigos e parentes. Em um ambiente daquele uma palavra amiga, um sorriso sincero e a mão estendida são verdadeiras riquezas para quem caminha com seriedade e objetividade ao encontro de novos e amplos horizontes para a sua vida. Lá se vão mais de vinte anos, desde que tive a minha consciência avivada em relação a quanto há de maus instintos e fraqueza no interior daqueles que deixam-se dominar pelas drogas. E é numa Comunidade Terapêutica que o ex-usuário compulsivo descobre o quanto a sua vida era monótona e desprovida de qualquer senso de ridículo, de responsabilidade, fastidiosa, mesquinha…Ali religiosos o exortam a ter paciência e prudência e a praticá-las,enquanto guardando ânimo forte e confiante em Deus. Enfim, realmente não há motivos para que um dependente químico desejoso de reabilitar-se oponha obstáculos, para que finalmente dê início a uma caminhada pela sua recuperação. Necessário se faz, pois, que ele encha-se do desejo de realmente transformar a sua vida em uma missão de paz e amor para consigo e com os seus colegas de caminhada rumo à eterna sobriedade. Paralisar a dependência química e tornar a viver é um desafio glorioso, quanto mais quando é notório o estrago ocasionado por aquela doença e a qual difunde-se com espantosa velocidade também em nosso país, justamente por não encontrar uma devida resistência de jovens antes tão cheios de vida e quanto mais se considerarmos o surgimento novos e danosos costumes, perigosamente permissivos….., perniciosos.

Agente Social – Uberlândia-MG