Ivan Santos*

O experiente Democratas (DEM) assumiu o poder político no governo do presidente Bolsonaro e está preparado para bancar o jogo no governo do Brasil, dar as cartas e jogar de mão. O poderoso partido liberal conservador controla hoje a presidência da Câmara Federal, a presidência do Senado e três importantes ministérios: Saúde, Agricultura e Casa Civil. Quem controla as duas Casas do Congresso, no regime democrático brasileiro, tem o poder porque controla a pauta e decide sobre os projetos do Governo. Para governar, o presidente Bolsonaro depende da aprovação do Congresso, hoje inteiramente comandado pelo DEM. Este partido já foi Arena e deu suporte aos governos dos generais depois do Movimento que assumiu o poder pela força em 1964. Depois transformou-se em PDS, partido do governo, cognominado o “Maior Partido do Ocidente”. Envelheceu no poder e para renovar-se mudou de nome. Passou a ser identificado como Partido da Frente Liberal ou PFL. No Nordeste ficou conhecido como PÊ-FÊ-LÊ. Hoje é Democratas (só no nome) e publicamente conhecido como DEM. Finalmente, alguém ainda pode imaginar que o presidente da República vai governar com ideias e estilo novos se, na prática, depende de decisões de um Congresso presidido pelo liberal conservador Partido dos Democratas, orientado por velhos coronéis da política brasileira, hoje representados no Parlamento Nacional por filhos, netos e noras? Até parece que o espírito do autoritário ex-comandante do PÊ-FÊ-LÊ, Antônio Carlos Magalhães, vice-rei da Bahia, na sexta-feira e no sábado passados, orientou no Senado os passos dos modernos “coronéis” do DEM, para assumir a Presidência da Câmara Alta do Parlamento. Incrível, mas é verdade: o DEM comanda a Câmara Federal e o Senado. Quem manda no governo é quem tem poder de decidir e no regime democrático quem fala pelo povo é o Congresso. Para governar o presidente Bolsonaro vai precisa de decisões do Poder Legislativo controlado pelo DEM. Esta é a cara do governo que disse que governaria sem os políticos. Os políticos controlam o poder na República. Esta realidade faz-me rir pra não chorar.

*Jornalista