Ivan Santos*

Quem esperava que o decreto do presidente Bolsonaro autorizasse o porte de arma para quem comprasse uma, ficou decepcionado. Não houve autorização de porte de arma para todos. Os que foram contra a liberação das armas não gostaram do decreto porque acreditam que, mesmo para uso domiciliar, a decisão do governo contribuirá para aumentar o número de armas na sociedade e, por isto, o aumento de morte por tiros. Pelo decreto, uma pessoa poderá comprar até quatro armas. Se for proprietário de várias áreas rurais poderá comprar mais, uma ou mais para cada propriedade. Vários defensores do uso de armas para legítima defesa pessoal ficaram decepcionados. Alguns comentam que o decreto foi insuficiente para garantir segurança às pessoas que vivem no Brasil. Muita gente defendia uma medida que autorizasse a posse e o porte de armas. O presidente ouviu com atenção algumas cabeças do governo e decidiu autorizar a posse de arma, não o porte. Para muita gente, as pessoas vão continuar desprotegidas nas ruas onde os marginais circulam armados com equipamentos ilegais não controlados pelas forças de segurança. Outros criticam o dispositivo que exige um cofre para guardar armas. Assim, os marginais que assaltarem uma casa poderão concluir que onde houver um cofre poderá haver armas. Em 2005 63% dos habitantes do Brasil votaram contra a proibição do comércio de armas. Hoje este número pode ser maior. Agora, muitas pessoas percebem que a posse de uma arma não é suficiente para a defesa pessoal, mas também o porte que permita aos cidadãos andarem armados. Assim, ter uma arma em casa não garante a defesa de ninguém nas ruas ou por onde andar. A discussão sobre o porte de armas vai continuar intense e deverá ficar ainda mais aquecida quando o Congresso voltar a ser reunir a partir de fevereiro. A discussão sobre armas deve continuar em todo o território nacional enquanto o governo não apresentar medida eficaz para combater a violência.

*Jornalista