Quem esperava que o decreto do presidente Bolsonaro autorizasse o porte de arma para quem comprasse uma, ficou decepcionado. Não houve autorização de porte de arma para todos. Os que foram contra a liberação das armas não gostaram do decreto porque acreditam que, mesmo para uso domiciliar, a decisão do governo contribuirá para aumentar o número de armas na sociedade e, por isto, o aumento de morte por tiros. Pelo decreto, uma pessoa poderá comprar até quatro armas. Se for proprietário de várias áreas rurais poderá comprar mais, uma ou mais para cada propriedade. Vários defensores do uso de armas para legítima defesa pessoal ficaram decepcionados. Alguns comentam que o decreto foi insuficiente para garantir segurança às pessoas que vivem no Brasil. Muita gente defendia uma medida que autorizasse a posse e o porte de armas. O presidente ouviu com atenção algumas cabeças do governo e decidiu autorizar a posse de arma, não o porte. Para muita gente, as pessoas vão continuar desprotegidas nas ruas onde os marginais circulam armados com equipamentos ilegais não controlados pelas forças de segurança. Outros criticam o dispositivo que exige um cofre para guardar armas. Assim, os marginais que assaltarem uma casa poderão concluir que onde houver um cofre poderá haver armas. Em 2005 63% dos habitantes do Brasil votaram contra a proibição do comércio de armas. Hoje este número pode ser maior. Agora, muitas pessoas percebem que a posse de uma arma não é suficiente para a defesa pessoal, mas também o porte que permita aos cidadãos andarem armados. Assim, ter uma arma em casa não garante a defesa de ninguém nas ruas ou por onde andar. A discussão sobre o porte de armas vai continuar intense e deverá ficar ainda mais aquecida quando o Congresso voltar a ser reunir a partir de fevereiro. A discussão sobre armas deve continuar em todo o território nacional enquanto o governo não apresentar medida eficaz para combater a violência.
*Jornalista
“Quando todas as armas forem propriedade do Governo e dos bandidos, estes decidirão de quem serão as outras propriedades.”
Benjamin Franklin, (Boston, Estado de Massachusetts, EUA, 17/01/1706–Filadélfia, Estado da Pensilvânia, EUA, 17/04/1790=84 anos), foi um tipógrafo, jornalista, editor de jornais, escritor, filantropo, abolicionista, funcionário público, membro do Congresso Continental, cientista, diplomata, inventor e enxadrista norte-americano. NAQUELE TEMPO JÁ ERA ASSIM. AGORA É DIFERENTE?
A bancada da bala (11/11/2015) = Alexandre Eggers Garcia, (78 anos) é jornalista, apresentador, colunista político, comentarista de telejornais e conferencista gaúcho.
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Uma comissão especial da Câmara Federal acaba de aprovar mudanças no Estatuto do Desarmamento, vigente desde 2003.
As mudanças, agora, vão a plenário para colher os votos dos deputados.
Na prática, a aplicação da lei desprezou a vontade popular, pois o resultado do referendo de 2005, quando 64% dos eleitores brasileiros se manifestaram contra a proibição do comércio de armas de munições.
As restrições atingiram as pessoas que costumam cumprir a lei e não desarmaram os bandidos.
Ao contrário, o número de homicídios com armas de fogo aumentou em quantidade e em participação nas mortes.
Sessenta e cinco por cento dos homicídios foram praticados com arma de fogo antes do Estatuto.
Agora estão acima de 70%.
As mudanças de agora, na verdade, não estimulam o acesso às armas, mas proporcionam um controle delas.
Com as mudanças, a lei poderia ser chamada de Estatuto do Controle de Armas.
Baixar a idade de 25 para 21 anos foi feito para dar acesso aos que exercem a função de vigilante, por exemplo.
Além disso, desde os 16 anos o brasileiro tem o poder de eleger presidente da República; a partir dos 18 anos, de dirigir automóvel; 21 fica uma idade razoável para ter a responsabilidade de comprar uma arma, desde que preencha os demais requisitos.
A propósito, o automóvel é uma arma e concede-se o porte facilmente; o porte de arma continuará sendo rigoroso: a pessoa terá que provar a necessidade de defesa.
Sem porte, ficará com a arma em casa, para defesa do lar, sua cidadela.
É como ter um carro e mantê-lo na garagem.
Armas, por si, não matam.
A violência está na pessoa.
Um violento matará com faca, pau, pedra, fogo ou pontapés.
Armas, ao contrário, podem ser dissuasoras.
Na Suíça, todos têm arma de guerra em casa.
Nos Estados Unidos, há mais de uma arma de fogo per capita.
E bandido algum arrisca invadir casas por lá.
Pode encontrar a “vovó” apontando um cano duplo para o invasor.
Napoleão Bonaparte, quando surgiu o fuzil na guerra, escreveu que todos se tornavam iguais pelo fuzil – grandes e pequenos, fortes e fracos.
Foi um velho revólver com munição antiga que a velhinha de Caxias do Sul/RS usou para se defender do ladrão que invadira sua casa.
A velhinha sobrepujou o invasor graças a uma arma de fogo.
O inventor do revólver, Samuel Colt, disse que Abraham Lincoln fez os homens mais livres nos Estados Unidos, e Colt os fez mais iguais.
A mudança corrige o absurdo de ter que registrar a arma a cada três anos; afinal, automóvel registra-se uma única vez.
Porte sim, tem que ser rigoroso e renovado periodicamente, mas não a cada ano.
Imagine um atirador olímpico tendo que passar por toda burocracia repetindo todas as exigências, para conseguir uma guia de transporte de suas armas esportivas a cada ano.
Além disso, é claro, a pessoa tem que estar familiarizada com o uso e guarda da arma, com responsabilidade.
Dizem que a mudança foi promovida pela bancada da bala.
Na falta de argumentos tentam desacreditar as pessoas.
É gente que, no fundo, consegue a proteção dos bandidos.