Ivan Santos*

A comunicação social tradicional está em rápida mutação no Brasil e no mundo. Na semana passada, segundo informou o jornal espanhol El País, a empresa privada de mídia Mediaset, da Espanha, proprietária dos canais de televisão Cuatro e Telecinco, anunciou que a partir de 15 de fevereiro próximo não mais divulgará telejornais diários. No lugar dos noticiosos divulgará programas artísticos e de amenidades. Motivo: a queda brusca da audiência e o crescente desinteresse dos telespectadores por notícias e informações antes consideradas nas redações como matérias de interesse público. A TV Cuatro até 2016 contou com mais de 1,9 milhões de telespectadores e hoje só tem 600 mil, número considerado pela empresa que administra o canal como antieconômico. Este desinteresse do público de massa que assiste televisão aberta está a ocorrer em todo o mundo e os especialistas atribuem a mudança de comportamento à ligação das pessoas às redes sociais sem distinguir as informações falsas das verdadeiras que por elas circulam. No Brasil não é diferente. O jornal Nacional (JN), o mais importante noticiário da TV Globo, que já foi visto na década de 1980 por mais de 70% do público que assistia à TV aberta, no dia 17 de maio do ano passado registrou uma queda da audiência impressionante: chegou a 28,5 pontos. Na década de 1980 o JN ditava a agenda política e a econômica no País. Hoje cresce em todo o Brasil e em parte do mundo o desinteresse da massa popular por notícias de jornais. No Brasil as pessoas já não acreditam no que informam os telejornais e noticiários de rádio e preferem se informar por comentários populares nas redes sociais, alguns verdadeiros, outros falsos. Atualmente as pessoas não procuram separar o que é verdadeiro do que é falso. A queda de audiência no JN não é única, é geral. Despenca a circulação de jornais tradicionais e revistas. As pessoas não se interessam por informações jornalísticas e se ligam em fofocas de redes sociais. Esse crescente desinteresse foi o que levou a administradora da TV Cuatro da Espanha a encerrar os telejornais da emissora. Este tipo de decisão não está longe de ocorrer também no Brasil. Aqui, o presidente da República, Jair Bolsonaro, já prefere divulgar fatos e feitos do governo pelo Twitter, talvez porque não acredita na rede tradicional de comunicação social.

*Jornalista