Ivan Santos*

Quem acompanha o processo político nacional sabe que um governo atualmente não deve ser montado como os do passado, mas as articulações políticas ainda não mudaram muito, guardadas as épocas e as circunstâncias políticas. No presente assistimos a uma nova estratégia para formar um governo no Brasil sem a participação de dirigentes de partidos políticos. O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), com forte apoio popular conquistado na eleição está a constituir o governo com independência e sem indicações de políticos tradicionais. É uma experiência a ser testada na prática quando o chefe do governo precisar de apoio no Congresso para aprovar projetos que viabilizem os projetos do futuro governo. Todo governante cria estratégias para ter apoio porque administração pública numa democracia é diferente de administração privada. Todo governante democrático precisa de apoio de representantes do povo para aprovar orçamentos, projetos e ações. Jair Bolsonaro, eleito por um partido nanico no começo da campanha eleitoral, vai assumir o poder no dia primeiro de janeiro de 2019 com forte respaldo popular e com a promessa de “fazer diferente”. Governar para o povo sem o imoral “toma lá, dá cá” para ter apoio político, hoje é uma inovação. O povo, neste ano, renovou o Congresso com força. Cada brasileiro que votou por mudanças no processo político espera por um comportamento ético de seus representantes no Parlamento. O representante que assumir o mandato por quatro anos precisa entender que o eleitorado mudou. Hoje, cada cidadão brasileiro que espera por reais mudanças no comportamento dos seus representantes parlamentares pode acompanhar com atenção o comportamento de cada um deles no exercício do mandato. Mudança de hábito não se faz somente com declarações públicas de intenções. É preciso demonstrações práticas em horas decisivas ao longo do desempenho de uma missão. Alguém já disse no passado que “o sucesso de uma democracia está na constante vigilância dos eleitores”. A temperatura do tempo político no Brasil está a mudar rapidamente. “Toma lá, dá cá” poderá virar crime hediondo.

*Jornalista