Antônio Pereira da Silva*

Depois da fundação do Rio Branco Foot Ball Club, o futebol se firmou na velha Uberabinha. Treinavam na praça da República (Tubal Vilela). Logo convidaram Araguari para um jogo cujo resultado foi um vexame: 5 a 0 para os visitantes. Mas não esmoreceram. Américo Zardo fundou o Spartano, de pouca duração. Com os melhores elementos do Rio Branco e do Spartano, fundou-se, em 1918, o Uberabinha Sport Club. A História diz que o UEC foi fundado em 1922 por Agenor Bino e Gil Alves dos Santos em razão de desentendimentos políticos. O livro de Atas do clube prova a sua fundação em 1922. Entretanto, houve, antes, um Uberabinha Sport Club citado no livro “História do Futebol em Uberaba”, de Hildebrando Pontes e em reportagem publicada no jornal “A Notícia”, desta cidade, a 4 de agosto de 1918. Para comemorar a criação do “team”, realizou-se um jogo no “ground” dr. Duarte (que ficava atrás da Santa Casa) entre o novo Uberabinha Sport e o Palestra Itália, considerado o campeão de Uberaba e de todo o Triângulo. A escalação do Uberabinha, publicada de véspera, foi: Fefé, Mulato e Schwindt; Vicente, Eurico e Américo; Mário, Meireles, Tonico, Manoel e Mormano. Fefé era um “goal-keeper” extraordinário. Cavalheiros de paletó, gravata e chapéu, senhoras e senhoritas elegantemente vestidas e protegidas por sombrinhas. O “foot ball” era praticado e apreciado pela elite no país inteiro. O “referee” (juiz) Esquilace chamou as duas equipes para o centro do campo. A Banda União Operária sapecou música. O “toss” (sorteio) beneficiou o Palestra que escolheu o lado. O “place kick” (saída) foi do Uberabinha. O jogo manteve-se equilibrado até os trinta minutos do primeiro tempo quando M. Theodoro marcou para o Uberabinha. A Banda União Operária, em comemoração, tocou maviosa valsa. No segundo tempo, o Palestra cresceu e foi preciso que Fefé se desdobrasse para impedir uma derrota. Mesmo assim, levou um gol e a partida terminou empatada. Esse Uberabinha Sport Club ainda fez alguns jogos até 1920, inclusive contra o seu tradicional rival, o Uberaba Sport Club, conforme relação feita por Hildebrando Pontes no livro citado. Infelizmente, o trabalho de Pontes encerrou-se em 1920. De forma que a fundação do nosso querido Furacão Verde da Mogiana é um tanto confusa.
Concluindo quero prestar minha homenagem aos atletas uberabinhenses pioneiros relacionando seus nomes colhidos em jornais da época, nas pesquisas de Jerônimo Arantes e no livro do Hildebrando Pontes. São eles: Sinfrônio Faria, Goianinho, Alceu, José Fonseca (futuro Prefeito), Rafael Tolini, Manoel Sapateiro, Olivier Toledo, Ponte Preta, Avenir Gomes (do cartório), Carmo Prudente, Nelson Gomides, Ladário Cardoso, Angelo Petri, Afonso Carneiro (filho do cel. Carneiro), Martinho Nascimento, Mário Castanheira, Adolfo Segadães, Luciano Garcia, Antônio Sapo, João Meireles, Raulino C. Pacheco (pai do Rondon), Edmundo Schwindt, Jerônimo Xavier, Jessé França, Américo Zardo, Magno Santos, Wancerlin Silva, Alceu Marques, França, Ataliba, Caetano, Antônio, Martinho, Chiquito, Rafael, Machado, Carlos, Nelson, Chiquinho, Amadeu, Alfredo, Ismael, Zardo, Branco, Paco, Sidnei, Castro, Campos, Luís, Mário, Fefé, Schille, Acrísio, Ari, Chico, Theodoro, Ermelindo, Lopes, Pedro, Mulato, Vicente, Eurico e Tonico. Eventualmente algum nome pode estar repetido por causa de citações originais diferenciadas.
Nota: Usei várias palavras em inglês que eram comuns nos princípios do nosso futebol e que assim estão registradas em livros e jornais (Fontes: jornais da época, Hildebrando Pontes, Jerônimo Arantes, Benedito Sapinho e Ramiro Pedrosa).

*Jornalista e escritor