Ivan Santos*

O governador eleito de Minas Gerais, Romeu Zema, já apontou vários erros administrativos que, segundo ele, foram cometidos pelo atual Governo do Estado e promete enfrentar a situação com medias simples. Zema, até agora só apresentou os nomes de dois secretários e poderá anunciar os outros nesta semana. Falta anunciar estratégias e providências administrativas para iniciar o mandato sem apoio definido na Assembleia Legislativa. Para escolher o Secretariado, Romeu Zema anunciou um processo seletivo como se fosse escolher gerentes de loja. Se for bem-sucedido poderá, com este modelo, influir para alterar o processo político tradicional em todo o Brasil. Para a Secretaria da Fazenda, responsável pela arrecadação de tributos, o governador eleito aceitou a indicação do ex-secretário da Fazenda do Rio de Janeiro que atuou no governo de Pezão, Gustavo Barbosa. Este executivo foi recomendado a Zema pelo economista carioca, Gustavo Franco, um liberal. Em palestras e entrevistas, Romeu Zema anunciou que começara a governar com três ações executivas: a primeira, reduzir drasticamente as despesas com a redução de cargos comissionados e, se for necessário, demissão de servidores efetivos como manda a Constituição em caso de crise financeira aguda. Ainda para reduzir despesas o governador Zema não concederá aumento real de salários por três anos. A outra medida imediata será renegociar a dívida do Estado com a União: cerca de R$ 90 bilhões. Se o presidente Bolsonaro não mudar as regras da negociação com o Governo Federal, o governador de Minas terá que aceitar na negociação um aumento das contribuições dos servidores para a Previdência, a venda de estatais como a Cemig para reduzir o montante da dívida e ouras medidas que foram recusadas pelo governador Fernando Pimentel. A terceira providência será cuidar de reajustar as contas públicas. Para empreender todas essas tarefas o governador Zema vai precisar de apoio majoritário na Assembleia Legislativa e a base do governo dele hoje só tem três deputados. Zema vai ter que usar de engenho e arte para formar uma base de sustentação confiável na Assembleia e isto não é tarefa para amadores sem experiência política. A situação de Minas é grave, com salários e repasses para as prefeituras arrasados. Em política mineira não há ponto sem nó. Para contar com apoio na Assembleia o governador Zema vai precisar falar mineirês. A linguagem dele hoje pode ser entendida pelo povão, mas é desconhecida por todo político com mandato.

*Jornalista