Ivan Santos*

A falta de coordenação política no Congresso Nacional pela equipe de transição nomeada pelo presidente eleito Jair Bolsonaro poderá criar problemas maiúsculos de difícil solução em 2019. As omissões no campo político verificadas nas últimas horas são impressionantes e já produziram estragos para o governo que vai começar no dia primeiro de janeiro. Segundo publicou ontem o jornal Valor Econômico, “Bolsonaro e o governo de transição sequer têm tentado negociar as propostas no Congresso. A primeira reunião do eleito com os presidentes da Câmara e do Senado estava prevista para amanhã (hoje) mas foi cancelada”. Na semana passada, sem que ninguém da equipe de transição se manifestasse, o Senado aprovou um aumento de 16 % para os ministros do STF e do Ministério Público, decisão essa que vai provocar alimentos em cascata nos Estados, nos Municípios e no Congresso Nacional. O rombo no orçamento do ano que vem, segundo alguns observadores deverá andar perto de R$ 6 bilhões. Além disso o Senado aprovou uma desoneração tributária para a indústria automobilística que deverá subtrair da arrecadação tributária no ano que vem mais de R$ 3 bilhões. A Equipe de Transição nomeada por Bolsonaro ignora a importância que é acompanhar as votações na Câmara e no Senado neste final de mandato e pouco tem se importado com as votações tóxicas que suprimem recursos a serem arrecadados no ano que vem e impõem altos gastos a serem efetuados pelo futuro governo. Sem coordenação política da Equipe de Transição no Congresso, as dificuldades do futuro governo podem ser enormes e desgastantes. Em final de mandato o governo do presidente Temer abandonou a articulação política no Congresso e os deputados e senadores que não foram reeleitos não têm interesse em aprovar projetos, como a Reforma da Previdência, que interessam ao futuro governante. Até o último dia de sessões na Câmara e no Senado, muitas arapucas ainda poderão ser armadas para desgastar o futuro governo. Todo cuidado é necessário neste final de mandato.
*Jornalista