Ivan Santos*

Em poucos dias o governador eleito de Minas Gerais, empresário Romeu Zema, começou a descobrir que a situação financeira do Estado é mais complexa do que ele imaginou. Também está para descobrir que a negociação da dívida do Estado (mais de 75 bilhões) com o governo Federal não será fácil como ele imagina. Se renegociar com Minas o Governo Federal terá que renegociar com os outros estados endividados e isto, no primeiro ano de governo, não será fácil. O candidato do Partido Novo, Romeu Zema, anunciou usará um processo seletivo para escolher secretários. Isto, dificilmente um administrador com experiência política aceitará. Escolher uma equipe técnica sem experiência política não facilitará o diálogo que o chefe do Executivo deverá ter com os políticos com mandato na Assembleia Legislativa. E são eles que aprovarão os projetos e as contas do governador. A seleção de servidores de confiança no segundo e terceiro escalões, por recrutamento amplo, também não será digerida facilmente na Assembleia. A contratação para cargos de confiança de cidadão de todos os Estados do Brasil também não será facilmente metabolizada em Minas. Contratar um ex-secretário do Governo do Rio de Janeiro para gerir as finanças em Minas poderá não ser decisão aceita nas Gerais. Outro desafio vai ser escolher o Chefe da Casa Civil com capacidade política para dialogar com os deputados estaduais e federais. Para este cargo, um neófito poderá ser fonte geradora de conflitos. O governador eleito precisa atentar para um fato corriqueiro: fusão de secretarias não reduz despesas. Apenas junta orçamentos e pessoal. Um exemplo seria juntar as secretarias de Segurança e Prisional. O governador eleito disse que pretende privatizar a Cemig e a Copasa, mas para isto terá que contar com a aprovação da Assembleia Legislativa. Falar isto sem ouvir os deputados não passa de uma declaração de intenções. Zema também disse que o primeiro ato dele no governo será transformar o Palácio da Mangabeiros (residência do governador) em museu. Também declarou que vai morar na própria casa. Sobre este assunto, o empresário eleito governador precisa ouvir o pessoal da segurança. Se a residência for num quarteirão, segundo um agente de segurança que ouvi, me disse que será preciso isolar todo o quarteirão. Um experiente político observou na semana passada que Zema precisa advertir os futuros secretários de que eles poderão ficar mais de um ano sem receber os vencimentos. Isto porque o candidato disse ter assinado um documento em cartório no qual afirmou que ele, o vice Paulo Brant e os secretários não receberão salários enquanto o governo não começar a pagar em dia a todos os servidores. Governador Zema, político em campanha diz o que os eleitores querem ouvir, mas na hora de governar faz como for possível.

*Jornalista