Ivan Santos*

Para uma parcela dos brasileiros que acompanha a aplicação de recursos públicos em obras e serviços no País, não é possível esquecer os malfeitos descritos pelos meios nacionais de comunicação durante a construção de obras para a Copa do Mundo no Brasil. Quem denunciou desvios de recursos públicos nas construções das obras da Copa foi o Tribunal de Contas da União (TCU). O Tesouro da República, segundo o TCU, liberou para as obras da Copa R$ 25 bilhões. Muito mais do que gastaram Alemanha e África do Sul com obras para Copas passadas. Que o Brasil foi exemplo de gastança irresponsável ficou claro na construção do Estádio Mané Garrincha, em Brasília. A obra daquele Estádio foi orçada inicialmente em R$ 600 milhões e a construção final ficou em R$ 1,44 bilhão. Hoje, a monumental Arena da Capital Federal está exposta aos rigores do tempo e é um exemplo vivo de elefantes brancos que custam caro ao tesouro público para serem alimentados. Os outros estádios construídos em cidades sem público para manter as ricas arenas, seguem o mesmo exemplo. Além disso, os torcedores desiludidos com o futebol nacional depois da espetacular derrota para a Alemanha por 7 a 1 e da decepção na Copa da Rússia, procuram outras modalidades esportivas ou, simplesmente, trocam os estádios por outras estruturas de lazer. Quem pensa que a farra esportiva com dinheiro público acabou engana-se. O desastre econômico que foi a construção e reforma de praças esportivas para a Copa 2014 não serviu de exemplo. O povão, aparentemente, se esqueceu do que aconteceu e viu, impassível, a farra na construção de pistas e estruturas esportivas para as Olimpíadas de 2016 no Rio. As obras orçadas em R$ 8 bilhões para serem assumidos por empresas privadas, na realidade foram custeadas com dinheiro do leite da Vaca Barrosa. E o Tribunal de Contas da União não teve dúvida: o superfaturamento foi sem medo de ser feliz. Se não houver rigor máximo nas fiscalizações o dinheiro público rolou festivamente como rolou nas obras para a Copa. A partir de janeiro de 2016 intensificaram-se esforços para construir estruturas esportivas de primeiro mundo para encantar gringos nas Olimpíadas. A farra olímpica depois do festival da Copa do Mundo foi espetacular. Algo que nenhum país rico jamais ousou bancar. Depois da farra da Copa os cínicos fingem não entender por que as contas públicas do Rio e do Brasil estão desalinhadas. Bolsonaro tem o primeiro abacaxi para descascar: enfrentar um déficit nas contas de mais de R$ 140 bilhões em 2019.

*Jornalista