Rafael Moia Filho

Uma discussão prolongada significa
que ambas as partes estão erradas (Voltaire).

Ao analisarmos os principais indicadores da educação, percebemos que apesar do acesso à educação ter melhorado um pouco, a qualidade não tem acompanhado esse crescimento. Os países da América Latina ainda ocupam as últimas posições nas avaliações PISA – OCDE. A média de abandono escolar é de mais de 40% e é deficitária a cobertura pública da Educação Infantil – uma peça chave na batalha pela equidade na educação.
Os alunos no começo e no final do ensino fundamental não conseguiram adquirir as aprendizagens básicas em leitura e gramática. A análise dos resultados fica ainda pior na matemática, onde o desempenho é sofrível.
Apesar de seu tamanho territorial e sua grandeza econômica, se comparada com a maior parte da América Latina, o Brasil luta para tentar manter seus jovens dentro do sistema educativo. Não existe uma política definida para a Educação, iniciando seus investimentos justamente no começo do processo educacional – Educação infantil. Ao contrário, nossos governantes invertem a pirâmide e dão mais apoio ao ensino superior, esquecendo-se do caminho que os alunos têm de percorrer até chegar à última etapa das suas vidas na educação.
O reflexo aparece na vida adulta quando os jovens começam suas carreiras profissionais. Uma pesquisa feita pelo Banco Internacional de Desenvolvimento (BID) na Argentina, Chile e Brasil identificou que a maioria das empresas tem inúmeras dificuldades para encontrar competências que precisam nos jovens saídos do Ensino Médio.
Neste universo pesquisado, apenas 12% dos entrevistados declararam não ter dificuldades para encontrar jovens preparados para os desafios que suas empresas possuíam. As habilidades socioemocionais foram as mais difíceis de serem encontradas nos jovens entrevistados.
A Educação deve fazer parte da estratégia de um governo, tem de estar em perfeita sintonia com o sistema educacional e o mercado de trabalho que deverá assumir essa oferta de jovens preparados para a vida profissional. Neste sentido, percebemos que no Brasil discutem-se muitas questões paralelas, porém, os jovens chegam ao mercado de trabalho despreparados para a realidade da indústria e do mercado sempre voláteis e em desenvolvimento constante. As novas tecnologias passam à mercê do sistema, enquanto nossos alunos continuam sendo obrigados a aprender matérias decorativas e sem qualquer aproveitamento na vida útil dos estudantes.
A tarefa é árdua se nosso país quiser ser competitivo, ter educação de qualidade e produzir, desde a tenra idade jovens capazes de absorver todas as múltiplas informações advindas do período de ensino, desde o infantil até o superior.

Administrador de Empresas e Jornalista