Ivan Santos

Estamos a duas semanas do dia da eleição de segundo turno quando os eleitores brasileiros vão decidir se Jair Bolsonaro, do PSL ou Fernando Haddad, do PT governará o Brasil por quatro anos a partir de 2019. Quem se eleger terá problemas maiúsculos, administrativos e políticos, para enfrentar e resolver. Na Câmara e no Senado terá que negociar com partidos ou com deputados e senadores, individualmente, para construir uma base de apoio e enfrentar forte oposição liderada pelo partido que perder a eleição no dia 28 próximo. Na Câmara, onde 30 partidos têm representantes, deverá haver um rearranjo com 14 legendas que foram punidas pela cláusula de barreira que, possivelmente, se juntarão ou serão absorvidas por outras legendas num processo sem precedentes na história do parlamento brasileiro. Depois do primeiro turno eleitoral, 32 deputados eleitos por partidos punidos na cláusula de barreira, poderão mudar de partido sem punição e alguns já negociam o ingresso no partido do capitão Bolsonaro que lidera nas pesquisas de intenções de votos para ser o futuro presidente da República. O presidente eleito vai encontrar uma situação complicada na Administração com um déficit orçamentário para o ano que vem previsto hoje em quase R$ 140 bilhões. Equilibrar a situação fiscal deverá ser o primeiro desafio. Outros são vários: cuidar da saúde, da educação e da segurança sem amentar impostos, taxas ou contribuições. Se não resolver ou começar a mostrar mudanças positivas nesses setores o presidente eleito começará a enfrentar desgaste já após o primeiro semestre no governo. Haverá uma oposição aguerrida, com certeza, e o eleito vai ter dificuldade para formar a Base de Apoio se não aceitar a política do “toma lá, dá cá”. Entre os parlamentares que estarão na Câmara já começou a ser formado um bloco do meio para desfrutar de mediação nos impasses. Então neste rearranjo o PSD, DEM, PPS que esperam pelo PSDB. Esse bloco tem a pretensão de se transformar em novo partido por fusão entre várias legendas com o rótulo da social democracia. O PSDB saiu enfraquecido no primeiro turno e espera como tábua de salvação virar o jogo e conquistar o governo de Minas Gerais. Se for derrotado a porta aberta aos tucanos será o Bloco do Meio. Nestas eleições o povo trocou políticos experientes por pastores, policiais e militares da ativa e da reserva sem experiência. Verdadeiros recrutas. Vai ser uma experiência para ficar na história do Brasil.

*Jornalista