Ivan Santos*

Mais uma vez milhões de brasileiros, movidos por feito de manada em disparada, movimentam-se com a intenção de eleger um candidato a presidente da República que foi aprovado no primeiro turno eleitoral sem nada prometer para reformar velhas estruturas administrativas e sem projeto definido para reaquecer a produção de bens de consumo e serviços no Brasil. Com um cenário como este os investidores continuarão na incerteza e podem caminhar para outros países a partir de 2019. O candidato do PSL a presidente da República, Jair Bolsonaro tem um projeto centrado em segurança pública sem dizer o que, realmente, fará para combater a criminalidade organizada. Critica costumes, especialmente à ideologia de gêneros e faz disto lema principal de campanha. Até hoje não revelou o que fará para reaquecer a economia. Quando alguém lhe pergunta sobre este tema ele remete ao “Posto Ipiranga” (cognome do economista liberal Paulo Guedes) que não tem autorização do candidato para falar sobre o assunto. Os empresários e investidores que imaginavam que o capitão teria apoio militar e político para governar começaram a desconfiar dele quando declarou que não privatizará a Petrobras nem a Eletrobrás. Foi um indicativo de que manterá as empresas estatais porque, segundo ele, “o proprietário de um galinheiro não pode vender as galinhas porque se o fizer ficará sem ovos pra comer”. Enigmática expressão. Quem pensou que o capitão, eleito e empossado trataria de promover a reforma da Previdência, ouviu-o dizer que vai estudar o assunto e que não aceita a reforma proposta por Temer. Isto indica que após eleito e empossado o capitão começará a preparar o terreno para a própria reeleição em 2022 e, por esta razão elementar, não fará reforma racional da Previdência, mas somente um arranjo a longo prazo mesmo que o déficit anual do setor seja superior a R$ 200 bilhões. Assim, a dívida pública deverá continuar a aumentar e poderá passar de R$ 5 trilhões, uma soma estratosférica. O mercado financeiro está assustado com uma recente declaração do capitão, na qual ele acenou com a possibilidade de discutir com o mercado os juros pagos hoje pela dívida interna. O Tesouro Nacional paga perto de R$ 400 bilhões por ano de juros da Dívida Interna. Negociar esses juros só se for pelo congelamento por um ou mais numa ação para aliviar o Tesouro. O mercado financeiro está de cabelo em pé e assustado. O capitão hoje é um enigma ainda não decifrado.

*Jornalista