José Carlos Nunes Barreto

Lula e Dilma foram ao funeral de Fidel Castro, onde confabularam com bolivarianos. Deixaram de ir ao funeral da chapecoense que uniu colombianos, brasileiros e o mundo. Maduro está louco e a Venezuela derrete, mesmo assim esta agenda permanece no lulodilmismo.
Todo mês ficamos a espera dos rendimentos auferidos pelas atividades que nos sustentam, quer sejam trabalho, investimentos ou aposentadorias. Todos auferidos de forma honesta, pelo menos para a esmagadora maioria dos incluídos, socialmente falando. Existe uma minoria que trafica influência, entorpecentes, fauna e gente. Para esses não existe espera porque os ganhos são enormes, e a curva da riqueza se torna exponencial em pouquíssimos anos. No meio destas duas situações, perdido, está o socialmente excluído. Quem não tem rendimento nenhum. Zero de grana, vivendo seja de bolsas do estado, de ONGS, doações ou de favor. Alguns chegam à beira do desespero da fome, e entram no mundo do crime por absoluta falta de opções. São bilhares no mundo, milhões aqui no Brasil da bolsa esmola- que deve ser dada sim, mas aliada a um programa sério de educação profissional para inclusão social. Na França da Liberdade, Igualdade e Fraternidade, três gerações de imigrantes africanos, latinos e turcos amargam a falta de oportunidades e sobrevivem na periferia com o bolsa família de lá. A falta de possibilidade de sonhar, nos jovens faz crescer a revolta social e as chamas da violência sobre Paris. Nos morros do Rio, armamentos de última geração, financiados com dinheiro de drogas municiam uma guerra suja, de sangue e de palavras. Para os governos do Estado e da cidade do Rio, vale dizer para o poder público, o importante é criminalizar a favela, vociferar que só nascem bandidos lá. Uma agenda para ocultar a ineficiência do estado em subir nos elevadores sociais das avenidas beira mar, e flagrar os “incluídos” consumindo as drogas do morro nas festas noturnas, após terem participado pela manhã, de passeatas contra a violência, de que são vítimas pelas armas do tráfico. Nestas festas, delegados, professores universitários, artistas, juízes etc., juntamente com suas famílias, se confraternizam, fazem “networking” e traficam influência após alguns uísques e algo mais. E não são criminalizados por financiarem o tráfico de armas, que matará algum dos seus nos próximos dias. Há uma importante agenda oculta neste comportamento da sociedade incluída, qual seja “na noite tudo se pode e tudo se sabe”. Me faz lembrar os versos de Thiago de Mello: “Fica proibido o uso da palavra liberdade, a qual será suprimida dos dicionários e do pântano enganoso das bocas. A partir deste instante a liberdade será algo vivo e transparente como um fogo ou um rio. E a sua morada será sempre o coração do homem. ”A tal liberdade como pântano enganoso das bocas, na visão do poeta, se exacerba e só os fará acordar amanhã, entre lençóis de cetim azul e pontos de interrogações, tipo o que eu fiz? E quem é você? Presa a grilhões da dor da dependência e ao choro contido do arrependimento. Quantas “mentiras sinceras” são levadas em conta pela sociedade afim esconder “ verdades inconvenientes”? Por exemplo, que o mensalão do governo tucano de minas gerais em 1998, não roubou o estado para tentar reeleger-se. Que há liberdade na Venezuela de Chavez, e que não há agenda oculta no Foro de São Paulo. Concluo divagando sobre como seria o mundo, sob as asas da liberdade do ideário republicano, não nas bocas, mas nos corações, qual fogo a inflamar verdades e gerar soluções para todos.

*Professor doutor e Presidente da Academia de Letras de Uberlândia(ALU)
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