Gustavo Hoffay*

No ano de 1.986, o Instituo Brasileiro de Opinião Pública e Estatística –IBOPE revelou o que a população do estado do Rio de Janeiro mais desejava a partir da eleição do seu novo governador: a conquista da paz a partir das favelas das grandes cidades fluminenses e a começar, claro, pelos sessenta e oito morros que tinham pontos diversos de vendas de drogas. A violência urbana derivada principalmente do tráfico daquelas substâncias ilícitas já era evidente e acentuava-se sempre e mais. Reuniões sucediam-se no Palácio da Guanabara com a presença da mais alta cúpula das policias militar e civil e até de alguns setores das Forças Armadas, no intuito de viabilizar-se estratégicas de enfrentamento do crime altamente especializado e organizado e que já lucrava “milhões” a partir da produção e comercialização clandestinas de substâncias químicas alteradoras do humor. Desde então e financiados por grandes quadrilhas internacionais, aqueles traficantes vêm se equipando com armamentos de causar inveja a qualquer arsenal mantido e gerenciado pelo poder público de não poucos países, inclusive o Brasil. Diante de algumas das atrocidades cometidas por aquelas quadrilhas, autoridades, políticas principalmente, criam lindas frases de efeito moral na tentava de amainar ânimos exaltados e um natural terror encucado em uma aflita e temerosa população de tupiniquins, enquanto balas perdidas continuam matando inocentes, provocando a suspensão de aulas em escolas diversas, “bondes” do tráfico levam o terror para regiões diversas , caixas eletrônicos são diariamente explodidos por todo o Brasil, falsos policiais bandeiam-se para o lado de quadrilhas mais fortes- mais municiadas e mais bem preparadas que agentes de segurança pública e novas facções criminosas pipocam a cada curto espaço de tempo. O hoje presidiário Antony Garotinho e então Sua Excelência governador do estado do Rio, alardeava aos quatro ventos a sua intenção em “aumentar o efetivo da polícia militar” e prometia “tombar a criminalidade”; Sergio Cabral, outro governador que tornou-se presidiário, também prometia um enfrentamento da criminalidade e a qual já alcançava índices absolutamente assustadores, vergonhosos. O seu sucessor, Pezão, prometeu que não faltaria dinheiro para a Segurança Pública enfrentar os poderes originados do tráfico de drogas, mas falhou e não demorou a reconhecer a incapacidade do estado em resolver o problema ou ao menos amaina-lo. Vieram às ruas cariocas e fluminenses as Forças Armadas e ruas, vielas e becos foram invadidos numa demonstração cinematográfica de força constitucional para “inglês ver” e depois pularam fora, deixando “tudo como dantes no quartel de Abrantes “ ou seja, nada mudou. Francamente, continua sobrando hipocrisia em nosso país. Sim, o nosso país já está vencido pelo poder dos traficantes de drogas e isso está cada vez mais claro, mais evidente, na maioria dos assaltos ou assassinatos cometidos. Prometa um salário-mínimo de pouco menos de mil reais por mês a qualquer “olheiro” ou “soldado” do tráfico que fatura quatro ou cinco vezes mais que isso no mesmo período ou ainda um curso no Senac ou no Senai para que ele torne-se um técnico com “carteira assinada” e você será alvo de chacotas da parte dele. Sejamos realistas: todos os problemas derivados do uso de drogas não está naquelas substâncias e sim em quem é movido em direção ao uso das mesmas. Dê-se dignidade, educação, esperança e trabalho a jovens que fazem parte da população de risco ao uso de drogas para, dessa forma, começarmos a ter uma vida sadia em sociedade, com ordem e progresso aliados a bons exemplos de administração pública e onde encontra-se a base de uma pirâmide social que, teoricamente, deve servir de modelo para a mocidade. Por outro lado a violência já tornou-se no principal instrumento de caça aos votos em nosso país e criminosos vêm tornando-se em novos Robin Hoods do século XXI, ao ponto de serem defendidos e exaltados por populações carentes e deles beneficiárias. A liberação das drogas deixaria um grande rombo na arrecadação de dinheiro para o financiamento de crimes diversos , seria o início da criação de novos e salutares hábitos para quem antes beneficiava-se do mesmo e ainda deixaria de eleger pessoas reconhecidamente incapazes de representar-nos nas câmaras e assembleias políticas. Aposto nisso todas as minhas fichas.

*Agente Social – Uberlândia-MG