Rafael Moia Filho*

A corrupção não é uma invenção brasileira,
mas a impunidade é uma coisa muito nossa.
Jô Soares

A quantidade de farmácias nas grandes cidades brasileiras impressiona qualquer cidadão do mundo. Também chama a nossa atenção a proliferação de igrejas de fundo de quintal em nosso país. Agora, nada supera a existência de aproximadamente 18.000 sindicatos em todo país.
Quais são as exigências para se abrir e registrar um sindicato? Quem eles representam? São muitas perguntas sem respostas. Principalmente quando sabemos que isso não acontece no resto do mundo.
África do Sul – 191 sindicatos – EUA – 190 sindicatos – Reino Unido – 168 sindicatos – Dinamarca – 164 sindicatos – Argentina – 91 sindicatos.
Notem a disparidade entre estes países citados e o nosso pobre Brasil na quantidade obscena de entidades cujo objetivo de seus dirigentes é lucrar com o trabalho dos seus representados.
Assim como as Igrejas espalhadas pelo país, os sindicatos passaram a ser um grande negócio. Uma boa parte deles chamados de “sindicatos de gaveta”, pois recebem o registro sindical do Ministério do Trabalho e os guardam na gaveta. Não fazem nada por nenhum trabalhador, exceto checar mensalmente o extrato da Caixa Econômica onde o governo federal deposita o imposto sindical da categoria.
As recentes operações da PF junto ao Ministério do Trabalho desnudaram alguns esquemas de corrupção naquela pasta. Uma delas envolvendo a concessão de registros sindicais em troca de propinas. A partir dessa descoberta fica claro um dos motivos para a existência de tantos sindicatos espúrios, com gente desonesta e despreparada para representar quem quer que seja em qualquer segmento profissional do país.
Vale lembrar que quase cinco mil destes sindicatos são patronais, outra excrescência que vigora em raros países do mundo. Percebemos que estes sindicatos são inócuos na medida em que o governo propôs uma reforma trabalhista e estes 18.000 sindicatos ficaram calados, não opinaram, não discutiram, não representaram junto ao Congresso Nacional a voz dos seus representados sindicais.
Uma das formas de explicarmos essa quantia absurda de entidades sindicais é o fato de que ano após ano, na calada da noite no Distrito Federal, o governo repassa para entidades sindicais, sindicatos, federações e confederações uma montanha de recursos que é arrecadado de forma compulsória, junto às empresas de todos os setores.
Este ano a soma alcançou R$ 1.082 bilhões e em 2014 a brincadeira ficou em torno de R$ 1.013 bilhões. Este dinheiro “fácil” chega aos cofres do Fundo do Amparo ao “Trabalhador” – FAT e é depois repassado pela Caixa às entidades sindicais patronais. A operação é cercada de sigilo e de completa ausência de transparência, tanto pelo governo como pelos responsáveis pelos sindicatos.
Precisamos de geração de empregos, desenvolvimento sustentado, uma economia dinâmica e que possa enfim, gerar riquezas, só não precisamos desta imunda “indústria” de pelegos que nada fazem pelo país ou sequer pelos seus representados.

*Administrador de Empresas e Jornalista