Marília Alves Cunha*

Vez em quando um surto de esperança nos ataca e chegamos quase a estabelecer um novo caminho para o Brasil: daqui prá frente, tudo vai ser diferente. A corrupção vai para as profundas do inferno, os brasileiros serão mais capazes de se erguer na exigência de um país melhor, mais justo, menos desigual. Os bandidos que ocupam o poder e os que o ocuparam no passado, mas ainda se atrevem a dar cartas, serão devidamente punidos. Enfim, depois de tantos desmandos, desvarios e delírios, nos encontraremos como nação.
Mas o surto é breve, dura muito pouco. A genialidade brasileira em ultrapassar a barreira do que é ético e moral desafia todos os conceitos, suprime todos os sonhos. Num tempo em que a Operação Lava jato e outras mil realizadas pelo Brasil afora se empenham em destruir esquemas criminosos de alta voltagem, muitos não se perturbam e não se detém, na sua ânsia perversa de continuar práticas deletérias, engrossando o cordão da máfia que sequestra o país e o atropela de indisciplina, desordem, desacato, insegurança. Insegurança esta que, além das altas taxas de criminalidade, se estende á economia, piorando o já terrível quadro de investimentos sem os quais será impossível a retomada do crescimento.
Tivemos (como temos tido ultimamente) mais um grotesco espetáculo proporcionado pelo Partido dos Trabalhadores. E, infelizmente, estes espetáculos contam com a participação das mais altas cortes judiciárias. Já se transformaram em esbórnia as tentativas desesperadas de salvar o ex-presidente da prisão, a qual ele foi justamente condenado. Como bem disse Laurita Vaz, presidente do STJ: ”O judiciário não pode ser utilizado como balcão de reivindicações ou manifestações de natureza ideológica ou político-partidárias”. E fora os inúmeros pedidos de Habeas Corpus padronizados, que tinham por objetivo desmoralizar e desequilibrar o trabalho da justiça, Lula (condenado) ainda se arroga aos seguintes pedidos: dar entrevistas a jornais e revistas, comparecer presencialmente à Convenção Nacional do PT, participar de vídeo-conferências em atos de pré-campanha… É mole ou quer mais? Necessário urgentemente avisar ao pretensioso senhor que ele está sentenciado, condenado e inelegível.
E infelizmente, para piorar qualquer situação, temos os políticos que temos… A última coisa que passa pelas suas cabeças é um plano de salvação para este “paiseco”, expressão usada pela senadora Gleisi Hofmann. Estamos à beira de uma eleição importante e o menu que se coloca à nossa apreciação parece ser mais do mesmo. E definitivamente, apesar dos meios de comunicação, das redes sociais e dos veículos que se propõem a estruturar ferramentas que auxiliem no voto, muito pouco sabemos dos candidatos no momento da decisão. Não temos ideia de quem pode ou não pode concorrer… Podemos confiar neste Congresso e pedir a ele que nos represente? Às vésperas do inicio do recesso parlamentar os ilustres deputados fizeram uma manobra para tentar liberar a indicação de parentes e aliados para cargos em empresas estatais, burlando a Lei das Estatais, criada em 2016 num ataque de moralidade. Arrependidos de seu gesto moralizador, querem agora reverter a lei e impor sua vontade, apesar do descrédito em que se afundam frente á nação brasileira. Alguns partidos, talvez envergonhados pelas suas estripulias e mal feitos, acharam por bem tirar o “P” do nome, numa espécie de cirurgia plástica que não deve ter bons resultados.
Completamente despreocupados com o colapso das contas, Câmara e Senado fazem uma orgia de favores, que custarão mais de 100 bilhões aos cofres públicos, colocando em risco a frágil economia, avançando em projetos que visam reduzir a receita e aumentar as despesas, sem se preocupar com o resultado final desta irresponsabilidade. Dane-se o equilíbrio fiscal, desde que eles fiquem bem na foto… E um silêncio covarde que não se levanta contra estes desmandos, toma conta daqueles que se candidatam a gerir a ruina Brasil nos próximos anos.
Graças, a Copa está no fim. Não somos mais o país do futebol. Vamos tentar ser uma coisa melhor do que isto!

*Educadora – Uberlândia