Leandro Grôppo*

São quatro os fatores estratégicos de campanha eleitoral. Primeiro, deve-se ter um bom candidato, com boa imagem. Segundo, é preciso ter um campo político forte, com apoiadores que aglutinem o potencial da candidatura. Terceiro, é essencial estar afinado com a conjuntura, representando a demanda do momento. Por último, e mais importante, a campanha deve ter comunicação eficiente, planejada para entender e atender o eleitorado. É possível vencer com apenas dois ou três dos fatores, mas não se ganha jamais com um ou nenhum.

Ao analisar o movimento dos principais pré-candidatos ao governo de Minas, temos a perspectiva da disputa que se aproxima. Pelo lado do governador Pimentel, são limitadores a avaliação negativa da gestão e os percalços administrativos, especialmente os atrasos de repasses às prefeituras. O voto de esquerda pode levá-lo ao segundo turno. Mas a vitória de Pirro, caso ocorra, será restrita ao primeiro. Hoje, o petista tem somente a comunicação a seu favor. Franqueada às custas do combalido caixa estadual, o mesmo que falta para pagar funcionários, irrompe em propagandas de última hora.

Neste cenário, o eleitor mineiro deverá presenciar uma campanha intensa para colar a imagem de Aécio a Anastasia. E esse é o maior risco para o candidato do PSDB. O segundo está no discurso que vem adotando. Ao apresentar a narrativa de “reconstrução”, subentende que um dia construiu, o que até pode ser verdadeiro, uma vez já ter sido governador. Contudo, dá brecha para os opositores confirmarem que Anastasia é Aécio e vice-versa. Ou seja, a mudança pretendida pode ser uma indesejada “volta ao passado”. Assim, a campanha do ex-governador, hoje, possui grupo, tem um bom candidato, e só.

Quadro perfeito para uma terceiro via, na qual Rodrigo Pacheco, hoje, apresenta o maior potencial. Com a conjuntura a favor, tem imagem do novo. Entretanto, peca na comunicação e formação de grupo. Sua narrativa insiste no batido lema da mudança. Promessa sem sentido para um eleitorado desiludido e que o desconhece. O mote desta eleição é outro, e tem mais haver com atitude do que com intenção. A mudança prometida, ademais, não reflete nos apoios que vem angariando. Recém chegado ao DEM, tem deixado de lado até mesmo prefeitos de seu partido para fazer composições. Com dois fatores à favor, pode surpreender, desde que corrija rumos.

Já Márcio Lacerda, não deixou boas lembranças no eleitorado belo-horizontino. Sem grupo consistente, dependente de decisões partidárias e desalinhado com a conjuntura, pode sair menor do que entrou caso seja realmente candidato ao governo. Quanto aos demais postulantes, dada a falta de capilaridade, discursos equivocados e o curto tempo de campanha, restará o papel de figurantes.

Outras candidaturas podem surgir, porém, a oportunidade de uma terceira via no atual cenário à disputa do governo mineiro é real, mas está sendo desperdiçada. Na visão do eleitor, em uma escolha sem “alternativas”, o Palácio da Liberdade pode estar, outra vez, no colo de Anastasia.

*Consultor de Marketing Político – leandro@strattegy.com.br