Ivan Santos

Cada pesquisa de intenções de votos que vejo deixa-me apreensivo com o futuro no Brasil. A última, do CNT/MDA assustou-me. Mesmo depois de ter ajudado a eleger Dilma Rousseff presidenta da República e hoje estar preso para cumprir uma sentença de 12 anos e um mês por pratica de malfeitos, o ex-presidente Lula lida na Pesquisa CNT/MDA com 32,4% das intenções de votos. Depois dele apareceram dois personagens de partidos inexpressivos, sem condição de influir no Congresso depois das eleições: Jair Bolsonaro (PSL, com 18,3% e Marina Silva (Rede), com 11,2%. A soma dos votos dados a esses dois (29,5%) não alcança o desempenho do ex-presidente na pesquisa. Sem Lula, parte expressiva dos eleitores que se manifestaram poderá decidir pela abstenção na hora de votar. Nenhum dos três pré-candidatos melhor avaliados tem condição de liderar hoje uma ação política para conquistar apoio no Congresso, a não ser se fizer como fez Lula: oferecer mensalão e liberar antecipadamente recursos de Emendas Parlamentares (R$ 15 milhões para cada deputado ou senador). Nenhum dos outros candidatos tem, até agora apoio da população para governar. Numa rápida e antecipada previsão, o futuro governo do Brasil poderá ser pior ou igual o de Lula e Dilma: um governo “generoso” na hora de oferecer “bondades e benesses” para o povo, agrados e mimos aos políticos e subsídios para as grandes empresas nacionais e internacionais. O que me entristece é ver que o povo e a maioria das lideranças de expressivos setores da sociedade estão calados ou fingem que não percebem problemas. Os investidores que já perceberam o clima de incerteza nesta fase pré-eleitoral, engavetaram os projetos de produção e esperam pelo resultado das eleições. A economia do Brasil, apesar do juro básico rebaixado de 14,25% para 6,5% e a inflação estar abaixo da meta (2,8%), está resfriada. Ainda há no País 14 milhões de pessoas economicamente ativas desempregadas e entre os novos-ocupados, grande parte está no mercado informal. Este clima não anima investidor algum. Ainda temos outra grande preocupação: o dólar sobe diariamente e já se aproxima de R$ 3,80. Não é possível ignorar que nossa vizinha, a Argentina, enfrenta hoje uma crise cambial maiúscula. Então, não é bom acreditar que o Brasil, com uma reserva cambial de US$ 360 bilhões, tem força para sair ileso de uma crise cambial que eventualmente apareça por aqui. A reserva cambial que tem o País poderá ser queimada de um dia para outro e o Governo ser obrigado a retornar ao FMI. Credo! Saravá! Não é bom pensar em outro filme triste com manifestações de milhares de desempregados nas ruas e doentes nas portas dos hospitais clamando por atendimento urgente. Seria dose pra mamute.

*Jornalista