Rafael Moia Filho

“Jornalismo é publicar o que alguém
não quer que seja publicado:
todo o restante é publicidade” . (George Orwell).

Você consegue imaginar que numa cidade com quase 400 mil habitantes, cuja região tem mais de dois milhões de moradores, no Estado mais rico da Nação num período de 16 meses 117 pessoas morreram à espera de um leito hospitalar? Uma média assustadora de quase oito pessoas por mês.
Isso está acontecendo em Bauru – SP, e não é novidade, o problema infelizmente é recorrente, pois nos últimos dez anos mais de seiscentas pessoas morreram da mesma forma. Sem que o governo do PSDB, cuja gestão completou 24 anos, tenha feito algo para impedir que as mortes continuassem.
A Polícia Civil está investigando as mortes dos pacientes que aguardavam uma vaga em hospitais. Dessas mortes, vinte e cinco foram somente nos primeiros meses deste ano. O problema que se arrasta há anos na saúde pública deve agora ser investigado também pela Polícia Civil.
A Polícia Civil que já havia sido acionada pelo Ministério Público Federal para apurar os casos de pacientes que morreram antes de serem internados. No ano passado, o MPF moveu ação que terminou em condenação do estado e do município em segunda instância pela falta de leitos de internação.
Na época, a Justiça determinou que ambas as partes fossem responsabilizadas com multa diária de R$ 1 mil por paciente que ficasse sem internação. O promotor da saúde em Bauru, Enilson Komono, criticou a postura desses agentes no caso.
Nem mesmo o MPF consegue reverter uma situação que envergonha e entristece o povo paulista. Não há justiça no país que consiga fazer com que o governo estadual (PSDB) no poder desde janeiro de 1995, cumpra com sua obrigação.
No momento em que este artigo é escrito, a cidade tem 38 pacientes esperando no corredor da morte, digo, leitos hospitalares para serem internados. Com o agravante que o mesmo governo estadual fechou o hospital Manoel de Abreu na cidade para uma suposta reforma que não aconteceu mesmo tendo decorrido quase três anos de seu fechamento.
Em visita à região nesta quinta-feira (3), o governador Márcio França (PSB) afirmou que vai investigar os casos de espera prolongada por vagas de internação. O leitor pode perceber que investigações é que não faltam, senão vejamos: MPF, Polícia Civil, Câmara dos Vereadores e agora o próprio governador do Estado dizem que estão ou vão investigar.
A verdade é que as mais de seiscentas mortes nos últimos dez anos não incomodaram as autoridades da cidade e do governo do Estado. Tudo continuou da mesma forma, a sistemática e cruel espera de vagas pelo sistema CROSS – Central de Regulação de Oferta de Serviços de Saúde realizadas em SP, permanecem e a única coisa que se altera são as estatísticas de óbitos.
A eleição será em outubro, esperemos que os demais eleitores façam justiça nas urnas, varrendo os envolvidos da vida pública com seus votos.

*Administrador de Empresas e Jornalista