José Amaral Neto*

Para muitos é simples falar sobre corrupção. São muitos os que não enxergam a raiz do problema. Milhares de compartilhamento de antigo e repetitivo post legalzinho que traz a chamada na moral de furar fila, pegar o que não é seu por alguém esquecido, pedir privilégio em detrimento de regras, alerta que essas são “inocentes” atitudes de corrupção que constroem os corruptores que delas fazem uso.
A raiz da corrupção em qualquer lugar é sistêmica. É preciso agir no comando, sim. Mas também é preciso enquadrar o núcleo com ainda mais vigor. Essa engrenagem só se movimenta porque todos os parafusos mantém-se desavergonhadamente ajustados. Essa anomalia não é só uma questão brasileira. Existem países ainda mais corruptos que o Brasil. Entretanto, aqui, pouco se fez nos últimos duzentos anos para que esse mal encontrasse seu limite de destruição.
Emblemático, esse tema de debate recorrente com arautos espertalhões que confundem a população sobre o que e quem é, corrupção, chega à mesa da presidência da República (Instituição pilar da democracia, hoje diminuída em sua estatura por verborragias da caserna que lhe deveria servir em hierarquia e por um poder judiciária onipresente), aprovado na câmara e no senado (organismos que se manifestam somente em amebíase) que traça nova regra sobre uma regra. Ou seja, quer se quebrar o que funciona bem: a Lei de Improbidade Administrativa.
Salvar Prefeitos consolida candidaturas; e se elege quem melhor se posiciona em favorecer os amigos. A nova lei rege sobre como a justiça deve olhar para escorregadelas dos alcaides tupiniquins. Protegidos podem alegar: “não fui eu”; e isso será o bastante para garantir-lhes a presunção de inocência. Salvo se pegos (os inimigos políticos dos possíveis acusados?) em “erros grosseiros” como explicita o texto do documento federal proposto.
Incerteza e imprevisibilidade são as sensações que permeiam a legitimidade do poder legislativo brasileiro em suas três instâncias que carecem de lideranças que consigam ter um projeto de Brasil. É preciso pensar o país com novas mentes evolutivas e desenvolvimentistas. É preciso querer ser Brasil para o Brasil na extensão do mandato que se ocupa seja no Judiciário, no Legislativo e, no Executivo. É preciso pensar na 6ª República (considerando a República Velha 1889-1937; Estado Novo 1937-1945; De Gaspar Dutra até Jânio Quadros 1945-1964; Regime Militar 1964-1985; Redemocratização 1985-2018).
A viagem dos dois signatários à vacância do cargo presidencial e a ascensão de Carminha, talvez venha para pano de fundo tornar-se bruma à canetada à sanção sorrateira ao projeto Anastasia Lei 7.488/2018. Assim confundindo a audiência e privilegiando mandatos em ambiente de lótus.

*Jornalista, diretor da JANCOM Agência da Informação e Coordenador Executivo do Movimento MAIPO (http://movimentomaipo.blogspot.com.br)