Rafael Moia Filho

A maior parte das pessoas
prefere morrer a pensar;
na verdade, é isso que fazem.
(Bertrand Russell)

A população de Bauru está muito próxima de 400 mil habitantes, uma cidade que fica no centro oeste paulista e tem seu ponto forte no comércio, na prestação de serviços e na sua privilegiada localização no centro do Estado de SP, próxima dos Estados do Paraná, Mato Grosso do Sul e da capital paulista.
Impressionante que numa cidade dessa dimensão tenhamos hoje em dia menos de dez bancas de Jornal e Revistas a disposição dos leitores. Num primeiro momento a justificativa mais fácil é o avanço da tecnologia com o fim gradual dos jornais em papel e de muitas revistas. Também podemos acrescentar a esta situação à crise financeira pela qual o país passou e ainda reluta em sair.
Mesmo assim, estas duas afirmações que embora pareçam óbvias, não me convencem, pois não contemplam uma terceira alternativa – O brasileiro lê pouco, tanto jornal quanto livros e revistas, sejam estas especializadas ou não. Pois se gostassem de ler, estariam migrando para as plataformas digitais e lendo os jornais e revistas em Tablet, Celulares, Desktop, etc.
A tecnologia apenas está mascarando uma situação que é antiga em nosso país. A leitura não é definitivamente algo que o brasileiro faça como forma de buscar conhecimento, informações e prazer.
Claro que, levo em consideração que os tempos estão mudando numa velocidade assustadora. Minha filha lê muito mais no Aplicativo Kindle do que nos livros em papel, mas lê muito mais hoje em dia com esta nova tecnologia do que sempre fez em seus 25 anos de vida. Em 2017 ela leu 56 livros e neste começo de 2018 já leu 10 livros.
Na verdade o cerne da questão está na preguiça, comodidade, na falta de exemplos dos pais, na ausência de incentivo na escola. Enfim, estamos vendo gerações crescerem sem o saudável hábito da leitura. A cidade de Bauru, por exemplo, não tem uma grande Biblioteca nem Feira de Livros, muito menos um projeto de leitura na praça ou algo similar.
Com isso há uma diminuição nas assinaturas de jornais e revistas, redução da compra nas bancas e livrarias, fazendo com que os grandes grupos editoriais demitam e passem há operar cada dia mais nas plataformas digitais.
Falta também o incentivo do Poder Público, que poderia instituir Feiras do Livro, Espaços para leitura, Construção de uma Biblioteca digna da importância de Bauru, a criação de Centros de Cultura para os jovens, enfim, são muitas as ideias e com certeza de fácil execução e baixo orçamento.
É uma pena, uma triste realidade, pois não acredito que o avanço tecnológico irá algum dia modificar este péssimo hábito dos brasileiros não ler. Ficar nas redes sociais não faz com que as pessoas se instruam, consigam informações e possam usá-las na sua vida pessoal ou profissional.

*Administrador de Empresas e Jornalista