Diógenes Pereira da Silva

É fato que a sociedade vivencia um processo sistêmico de evolução da criminalidade! Embora haja quem questione os dados do Fórum de Segurança Pública de 2016, a verdade é que a criminalidade tem aperfeiçoado o seu modo de agir – cada vez mais organizado – e tem causado efeitos colaterais sem precedentes na sociedade brasileira; passando o crime organizado a ter uma sofisticação estrutural em suas ações e, com isso, cada vez mais se chega à máxima de que o crime compensa, simplesmente pela ausência de efetividade ao combatê-lo e pela soltura de presos perigosos por meio de benefícios da Lei.

Não é fácil para nenhum cidadão honesto saber que há comandos intermediários sendo exercidos de dentro dos presídios, de onde fazem cumprir com exatidão as suas ordens. Assim, é justificável a discussão dos métodos atualmente utilizados pelo Estado Brasileiro, por meio de uma reformulação sistêmica da segurança pública, para a prevenção e repressão do crime organizado no Brasil.

Neste ano eleitoral precisamos nos atentar ao projeto de governo de cada representante em relação à segurança pública. É possível compreender que o combate ao crime, dentro da perspectiva do atual treinamento profissional e técnico das polícias, faz parte de uma cultura organizacional que acredito ser cumprido conforme o planejamento de cada instituição, mas, por outro lado, não se pode ignorar a necessidade do suporte de políticas públicas efetivas, dando ênfase no sistema de persecução criminal, além de uma legislação capaz de prevenir e reprimir as organizações criminosas.

Não é possível que ainda restem dúvidas do quanto as taxas de violência no Brasil são altas e do enorme quantitativo de pessoas que morrem todos os anos. O Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que fez o cálculo trágico, afirma que morre mais gente assassinada no Brasil do que em países que estão, de fato, em guerra civil. Na Síria, por exemplo, em quatro anos, morreram 256 mil pessoas; já no Brasil, no mesmo período, quase 279 mil. Em 2015, 58 mil pessoas foram assassinadas no Brasil. É como se a cada nove minutos uma pessoa fosse morta de forma violenta. Não podemos deixar que essa questão tão premente passe despercebida em ano eleitoral e que as autoridades tapem os olhos diante dessa situação que não só envergonha o País, mas também o coloca como um dos países mais violentos do mundo.

Não há hipótese de melhorias na segurança pública se nossos governantes não assumirem responsabilidades dentro de investimentos em políticas públicas na área da segurança. Não há polícia e policiais que consigam combater o crime diante de leis tão benevolentes e que mais beneficiam criminosos do que propriamente os pune.

*Tenente do Quadro de Oficiais da Reserva da PMMG – diogenespsilva2006@hotmail.com