Gustavo Hoffay*

Objeto de acaloradas e insistentes manifestações e debates nas ruas de todo o Brasil, aquele julgamento de Lula em Curitiba fez surgir opiniões em torno de algumas aplicações do Direito e tornou-se, ao meu ver, em uma grande, extensa e profunda aplicação daquela ciência e ainda uma histórica lição -via satélite- com a participação de eméritos juristas, enquanto gerando um panorama otimista em relação à aplicação da justiça em terras pindoramas. As opiniões a respeito da inocência ou não de Lula eram e continuarão a ser por muito tempo diversas e o que leva a constatar-se a presença de uma profunda motivação popular pró-justiça, acompanhada de uma evidente inspiração patriótica e poucas vezes vista em terras tupiniquins em assuntos dessa ordem. Refletir como a nacionalista, de fato, sobre a condenação do grande arquiteto da desconstrução nacional faz-se necessário e implica, sobretudo, em buscar e eliminar de vez as possibilidades de que o Brasil torne a cair e a sofrer tanto quanto nesses últimos vinte anos, em nome de uma democracia mal usada, abusada e deflorada por quem desejava descaracteriza-la. A fascinação do povo brasileiro pela democracia e pela da justiça foi vista e sentida nas ruas, em todos os quadrantes deste país e o que fez ascender o nacionalismo, atiçando nossos conterrâneos a abandonarem a apatia política e a assumirem um compromisso com o novo. Lula foi um agitador político de esquerda, embora essa condição não agradasse uma considerável parcela daqueles que o elegeram desde a primeira vez ao cargo de presidente mas que, em seguida, deram total apoio à candidatura de Dilma Rousseff. Sou testemunha de que não poucos correligionários daquele que foi apenado, deixaram de ser submissos à sua vontade e à vontade do seu partido, abandonaram as suas particulares teorias e originadas de um sistema político falido, incabível na atual conjuntura social e econômica mundial. Aquela condenação de Lula em Segunda Instância ocorreu no campo da racionalidade e por isso atingiu o cerne de tudo o que espera-se de um julgamento daquele nível, além de ter servido como a uma lição que evidenciou a solene imponência da prática jurídica. O Brasil não apenas condenou Lula a doze anos e um mês de prisão, mas deixou mais sensível a nossa população em relação à importância de precaver-se de políticos que enaltecem o populismo em causa própria e ao contrário de dedicarem a sua energia e a sua pré-anunciada capacidade em benefício dos eleitores. Queiramos ou não, fomos testemunhas de uma aula prática de democracia e de justiça há muito aguardada no ambiente republicano e que, somada às lições a partir dos impeachments de Collor e de Dilma, deverá, em tese, servir de formação para a prática de uma política honrada em um país que é nosso, dos brasileiros que verdadeiramente amam esse grande rincão verde/amarelo e de céu azul anil. Doravante, para salvaguardarmos os interesses que abraçam a democracia e a decência política, torna-se ainda mais imperativa a nossa participação na vida pública e para que sejam evitadas ações arbitrárias que tendam progressivamente a minimizar a importância do nosso envolvimento na proteção da soberania nacional, de tal modo que essa permaneça incólume, sadia e livre daqueles que possam retornar e atreverem-se a reiniciar um novo atentado contra a nossa bandeira. Há quem diga que Lula e o PT foram um mal necessário para que pudéssemos atentar, com maior acuidade, para o nosso próprio destino enquanto uma nação democrática; assino embaixo.

*Agente Social – Uberlândia-MG