Ivan Santos*

Em política, frequentemente ocorrem fatos surpreendentes. Alguns explicáveis, outro não. Classificamos nesta categoria a presença do apresentador de televisão Luciano Huck, domingo passado, no Programa do Faustão, para lançar uma declaração enigmática na qual deu a entender que continua no páreo como eventual candidato a presidente da República. Naturalmente, com a intenção de cavalgar se o cavalo passar arredo na frente dele. Isto quer dizer que se os partidos de centro, com apoio do Governo, não encontrarem um nome popular capaz de conquistar o eleitorado popular que hoje se inclina em direção do ex-presidente Lula da Silva. O enigma nesta questão fica por conta da decisão recente que levou o apresentador global a anunciar que nestas eleições não concorreria à Presidência. A mudança de estratégia indica que Huck lançou uma operação exploratória para testar as intenções dos atores políticos que se movimentam para conquistar o poder em outubro. Para alguns observadores o apresentador é um instrumento da TV Globo para influir no processo eleitoral. A emissora, que é bem administrada e conhece o terreno minado da política, apressou-se em proclamar que funcionário seu interessado em concorrer a um cargo nas próximas eleições deverá se afastar da função. Foi um ato de defesa prévia com certeza, mas atrás dos bastidores todos sabem que em jogadas para conquistar ou influir no poder todas as artes e mandingas são possíveis. Em alguns partidos que aturam na Base de Apoio ao governo do presidente Temer há líderes que não descartam uma ação disfarçada da TV Globo em defesa da candidata de Luciana Huck a Presidência da República em outubro. A presença de Huck no Faustão está na ordem do dia de todos os partidos, principalmente dos conservadores que procuram construir uma forte coligação para ganhar a eleição no primeiro turno, com ou sem Lula do PT no páreo. Para enfrentar uma eventual candidatura de Lula, a popularidade de Huck seria uma saída estratégica. A eventual candidatura de Lula poderá ser decidida no próximo dia 24 deste mês, em Porto Alegre, quando o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) vai decidir de confirma ou não a sentença do juiz Sérgio Moro que condenou o líder petista a 9 anos e 6 meses de prisão por improbidade. Todos os partidos da situação e da oposição esperam por essa decisão.

*Jornalista