Ivan Santos*

O resultado das últimas pesquisas de intenções de votos dos brasileiros para escolher o futuro presidente da República indicam, em primeiro lugar, o ex-presidente Lula da Silva (PT) seguido pelo deputado Jair Bolsonaro (PSC). Este resultado polarizado permite uma leitura, segundo a qual, a maioria dos brasileiros não dá importância à doutrina de partido nem a programa econômico-social elaborado para nortear o futuro do País. O povo acredita em um herói capaz de reunir forças extraordinárias para resolver problemas complexos que somente possam ser solucionados por algum ser poderoso munido de poder superior. Neste momento muitos acreditam que o herói Lula tem poderes mágicos para criar bondades e benesses para os pobres, aumentar salários de trabalhadores e servidores públicos sem desajustar as contas públicas e distribuir felicidade geral por simples vontade política. Outros acreditam que o capitão Jair Bolsonaro comanda um poderoso exército incorruptível formado por homens e mulheres que, em obediência à voz de comando dele poderão prender todos os corruptos do País (políticos ou agentes da economia) e transformar, da noite para o dia, o Brasil num espaço terrestre sem corrupção e ser violência. A intenção deste pré-candidato de armar população para se defender contra malfeitores encanta multidões. Programas para equilibrar as contas públicas, melhorar a educação, a infraestrutura nacional, a saúde e a produção econômica não é preciso. O histórico de um Partido ou de um candidato não tem importância para a maioria dos eleitores. Há também os que acreditam que o candidato “não-político” é a única esperança de transformar ações de governo em atos destinados a distribuir bem-estar social financiado com recursos públicos para todos. O aparecimento de nomes de ”não políticos”, a pouco mais de 10 meses das eleições, não indica hoje um quadro definido a favor de esquerdistas, direitistas, centristas ou indiferentes. O clima atual está mais a favor de milagreiros do que de realistas. Nas últimas semanas entraram na raia para disputar a corrida rumo ao Planalto, a deputada estadual Manoela D’Ávila (PCdoB-RS), o governador de São Paulo Geraldo Alckmin e a ecologista enigmática, Marina Silva (Rede). Este tri parece disposto a entrar na corrida ao lado dos astros Lula da Silva (PT) e Bolsonaro (este ainda sem partido definido). Afinal, partido para que? O que importa hoje é a declaração de intenção. O futuro, a Deus pertence.

*Jornalista