José Carlos Nunes Barreto

“A vida só é possível reinventada/Anda o sol pelas campinas/ E passeia a mão dourada/ Pelas águas, pelas folhas…/Há! Tudo são bolhas/ Que vêm de fundas piscinas/De ilusionismo… mais nada/Mas a vida, a vida, a vida/ A vida só é possível reinventada. ”Cecilia Meireles

A função da Academia e Think Thanks em tempos de crise, é apontar caminhos para a sociedade. Aliás, antever as crises, e evita-las está entre as metas que estes players teimam em não cumprir, imobilizados em abraços de afogado com políticos e governantes cegos.
No excelente livro “A quarta Revolução”, os autores John Micklethwait e Adrian Wooldrige, cumprem esta regra ao anunciarem a falência do estado, e alertarem para as grandes transformações previstas em escala global, em função do uso massivo de inovações tecnológicas, de tal monta ,que com os novos usos da tecnologia da informação, as democracias correrão perigo.
E esta é uma boa leitura que recomendo para os próximos feriados, pois quem lê um livro assim, muda primeiro a si mesmo, depois muda o mundo. Principalmente ao constatar, algo desesperador, que contratamos para a Nação mais uma década perdida, por causa da miopia estratégica de governantes de plantão. Onde o desemprego estrutural entre os jovens, que ajudamos a formar, está, infelizmente, entre os subprodutos desses tempos de ilusionismo a que se refere a poetisa em tela.
O Brasil figura, ao lado da África do Sul, Itália, e sudeste asiático, na lista de países e regiões onde os impactos da quarta revolução industrial serão predominantemente negativos, informam os painéis de discussão do último fórum econômico mundial em Davos na Suíça.
Para contornar esta situação, será necessário investir primeiro em qualificação de pessoas, e depois reformar o estado, utilizando de forma mandatária, os orçamentos legislativos para investir em inovações tecnológicas e sustentabilidade – temos massa crítica para isso. Por exemplo, as inovações em start ups , em curso no universo de produção de energia e no uso de tecnologia da informação, até 2020, impactarão nossa mão de obra, reduzindo-a em 6% pela otimização dos postos de trabalho .
Todavia, segundo os especialistas, há um contraponto que aquece a alma: o setor de mobilidade e logística no Brasil, e notadamente em Uberlândia, terá uma janela de oportunidades jamais vista até hoje, e poderá ser o trator a nos tirar da imobilidade. O governo de Uberlândia, eleito em novembro, já com quase um ano de mandato, deve aliar gestão e inteligência para explorá-la, e sair dos labirintos de escândalos na área de saúde, e justiça, que corroem energias e recursos ao invés de incrementá-los.
Já na área de relações internacionais, as Academias deveriam, a meu ver redirecionar pesquisas ,patentes e artigos visando países do oriente, como Singapura – um padrão, que reformou o estado, e prepara seus alunos para esta nova era. E seus efeitos de benchmarking já atingiram a china e EUA, e estão se irradiando para países da região, como Arábia Saudita, Bahrem, Omã, Quatar, Emirados árabes Unidos, e quem diria? Já chegaram ao Chile aqui pertinho, além do México, Índia e Turquia…Porque estaríamos fora disso? Esta é uma agenda necessária para 2018 – para voltarmos à rota de nosso destino de grandeza, após termos vencido a inércia da maior recessão da história deste País. E Reinventar a vida, apesar do impopular e corrupto governo Temer.

*Professor Doutor e Presidente da Academia de Letras de Uberlândia (ALU)
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