Gustavo Hoffay*

Não há como não acompanhar o que vem ocorrendo na política e particularmente a partir do Congresso Nacional, onde qualquer comentário, qualquer gafe, qualquer opinião, qualquer sussurro, qualquer retaliação, qualquer trama, qualquer deslize e qualquer traição de alguns dos seus honoráveis ocupantes não consegue manter-se longe das câmaras e microfones de ousados e hábeis repórteres que, continuamente, percorrem os seus amplos corredores e adentram apertados gabinetes à busca de notícias diversas e enquanto atendendo a pauta ditada pelos seus respectivos editores. Daí, aliás, desde algum tempo muitos brasileiros formarem opiniões a respeito da conduta daqueles eleitos e ao ponto de despoja-los de todos os predicados que, até então, traziam orgulhosamente na qualidade de características pessoais e de modo a enaltece-los perante a opinião pública. Ora! Qualquer um daqueles nossos representantes no Senado ou na Câmara Federal não vem a ser senão um instrumento de parte da sociedade e eleito para ser um eficiente defensor dos nossos anseios perante o poder executivo nacional. Entretanto o que temos assistido pela valorosa imprensa são políticos aceitarem ser reduzidos a peças de joguetes de instintos cegos, decompostos em elementos sem conhecimento da causa de terem sido eleitos e sem conteúdos específicos de pessoas que deveriam deter um grande poder de gerar benéficas transformações em prol da sociedade brasileira. Embora a grande maioria dos deputados federais possuam diploma de curso superior, é lamentável verificar que alguns deles parecem não possuir capacidade de lidar com aquele nobre ofício ou sequer de perceber relações vigentes entre meio e fim ou entre causa e efeito e desde que não importem a eles mesmos. Em outros termos, no Congresso Nacional parece haver políticos que vivem exclusivamente no plenário, sob a luz dos holofotes de câmaras de tv, utilizando-se de momentos que imaginam ser propícios diante de determinadas circunstâncias ou que imaginam poder conceber a eles alguma chance de destacar-se, preferencialmente, para os seus respectivos eleitores. Às vezes, penso, não poucos deles agem muito mais por instinto de sobrevivência política do que, propriamente, pela satisfação dos anseios e interesses daquelas comunidades que os conduziram até Brasília. Tenho a impressão, mesmo que um tanto naturalmente turva e em face de eu não ser um profissional daquela área, de que não existe um Congresso Nacional que ouve, filtra e luta pela realização da vontade popular. O que existe ali, a despeito do sincero esforço de alguns poucos e abnegados deputados e senadores, mas até agora quase inúteis em prol dos anseios de toda a sociedade brasileira, são pessoas e agremiações que vivem em luta na busca por espaços na mídia e preferencialmente naqueles veículos de comunicação que servem aos seus respectivos currais eleitorais. Enfim, cada vez mais eu creio que ser político, de fato, parece ser um privilégio reservado a poucos e ainda são muitos os eleitores que não sabem escolhe-los como a seus representantes em um território tão perseguido, legitimo e no entanto tão censurável. Ainda elegemos ao Congresso e às câmaras estaduais e municipais, algumas pessoas cujos perfis distorcem da realidade do povo brasileiro e beneficiadas que são pelos seus respectivos poderes de destacarem-se em campanhas eleitorais de altíssimo custo, além de subordinadas à vontade dos seus respectivos partidos políticos e sem, portanto, gozarem do direito de fazer prevalecer as aspirações de quem sustenta o seu altíssimo padrão de vida. Há exceções, obviamente; cabe a cada eleitor aponta-las e discernir a respeito de outorgar-lhes ou não uma nova procuração que torne a dar a eles plenos poderes para continuar representando-o nas câmaras do povo.

*Agente Social / Uberlândia (MG)