Ivan Santos*

O virtual candidato a presidente da República, deputado federal Jair Bolsonaro (PSC) esteve ontem em Uberlândia e foi recebido no auditório da CDL por representantes do G-7 (CDL, Aciub, Fiemg Vale do Paranaíba, Sociedade Médico, OAB Uberlândia e Veneráveis da Maçonaria). No auditório lotado, majoritariamente por empresários, o deputado apresentou-se como virtual candidato a presidente, mas sem um programa predefinido para discutir com os cidadãos e cidadãs que foram ouvi-lo. O destaque na fala do deputado foi a oposição à esquerda e às propostas dela derivadas. O deputado não apresentou uma só intenção racional para criar nova política econômica, política ou social. Revelou simpatia pela economia chinesa sem mencionar que o crescimento econômico naquela país é impulsionado por trabalho escravo criado e desenvolvido por um governo comunista e por um partido único. As propostas apresentadas por Bolsonaro para governar e reorganizar a sociedade brasileiras são primárias ou ingênuas. Revivi o tempo passado quando o povo acreditou nas promessas de Jânio Quadros e Fernando Collor. O primeiro apresentou-se como um cavaleiro andante armado com uma vassoura para varrer do Governo e do Brasil ‘toda a bandalheira e a roubalheira” que, no começo da década de 1960, segundo o reformador Jânio Quadros, tinha contribuído para apodrecer os costumes políticos no Brasil. Jânio elegeu-se por um partido pequeno – o PRN – e não teve habilidade para negociar apoio no Congresso onde, segundo ele, se abrigavam “forças estranhas”. Sem apoio político para governar, Jânio Quadros renunciou pensando que teria apoio popular para voltar como ditador. Foi defenestrado pelas “forças estranhas”. No mesmo estilo de Jânio, o obscuro governador de Alagoas, Fernando Collor, no começo da redemocratização do País, transformou-se em “Caçador de Marajás” e prometeu acabar com “todas as falcatruas que existiam no serviço público”. O discurso de Collor priorizava acabar com corrupção e prometia moralizar os serviços públicos no Brasil com o afastamento dos marajás (funcionários que ganhavam altos salários) do Governo. O povo acreditou no discurso do novo “Salvador da Pária”. Collor, elegeu-se pelo pequeno PJ, Partido da Juventude, que depois da eleição dele transformou-se em PRN – Partido da Reconstrução Nacional. Sem apoio no Congresso, Collor não reconstruiu nada e foi afastado do Governo pelas mesmas “forças estranhas” que abateram Jânio Quadros. Agora surge o “Salvador Bolsonaro”, também por um partido inexpressivo: o PSC. Bolsonaro já está incompatibilizado com a direção do próprio partido e se prepara para, em março próximo, se mudar para o PEN, um pequeno partido que deverá mudar de nome para: Avante. Se conquistar a Presidência da República, Bolsonaro terá que ter talento para negociar apoio político para governar. Terá que se compor politicamente com as mesmas “forças estranhas” eleitas pelo povo. Ele não poderá esquecer que o povo, há anos, elege e reelege as mesmas “forças estranhas”, que abateram Jânio, Collor e Dilma Rousseff. Hoje, o principal programa de Jair Bolsonaro para combater malfeitos no Brasil e governar, é mudar a Ordem Unida para eliminar a expressão “esquerda, volver!” Ou substituir essa expressão por outra como: “Sinistra, volver!”. Esta parece mais democrática e anticomunista.

*Jornalista