Gustavo Hoffay*

Tai um dos maiores mistérios da humanidade e ainda totalmente encoberto. Talvez, até, representado na própria simbologia daquele prédio e representada por duas grandes bacias ali erguidas: uma emborcada, côncava, que passa a ideia de que sob ela reúne-se um grupo de pessoas em constante reflexão, equilíbrio, prudência e lotadas de experiência; sim, virtudes que, teoricamente, devem estar sempre presentes naqueles que ocupam as cadeiras do Senado e da Câmara; a outra bacia, convexa, voltada para cima, como se aquela Casa estivesse sempre aberta a todas as opiniões, anseios, raças e ideologias da brava gente brasileira. Sim, ali um mistério talvez até maior que outros ainda existentes em todo o mundo e mesmo depois de milhares de anos de pesquisas e centenas de pessoas estudando-os diuturnamente, como as pirâmides do Egito, os mistérios das esculturas da ilha de Páscoa, as linhas de Nazca no Peru ou mesmo o caso do ET de Varginha. Imagino, um dia, seja criada uma especialidade acadêmica que sirva para pesquisar o que faz, como faz e qual a capacidade produtiva de um contingente populacional de trinta mil funcionários engravatados (sendo que, desses, quase a metade é comissionada) que ali, teoricamente, registram o seu ponto regularmente e aufere robustas quantias ao final de cada mês, a título de salário e benefícios diversos. Aliás, há mais funcionários naquele prédio que em quase 80% de todos os municípios brasileiros. É tanta gente e com tantos circulando por seus salões e corredores que, até, já foi proposta a construção de um grande anexo ( um “puxadinho”) àquela faraônica edificação e onde, inclusive, funcionaria um shopping center para uso exclusivo daqueles afortunados. Tudo, é claro, a partir de nossas polpudas contribuições mensais e cuja grande maioria vem descontada dos nossos salários ou embutida nos preços de mercadorias (até) de primeira necessidade e com as quais abastecemos as nossas casas. São tantas as pessoas (28.762) ali registradas como funcionários e comissionados, que chegam a ser quase o dobro do efetivo total de servidores da Policia Federal , departamento do ministério da Justiça e que é o responsável por operações de combate a desvios de recursos da União, como a Lava Jato e a Zelotes, ao tráfico de drogas e emissão de passaportes. Vale lembrar que enquanto os políticos em Brasília lutam por modestos três bilhões de reais para o custeio de suas próximas campanhas eleitorais, a Policia Rodoviária Federal teve drasticamente reduzida a sua verba de custeio para o próximo ano e o que levou seus patrulheiros a terem sérias dificuldades para manter um ritmo mínimo de atividades inerentes aos seus cargos. E o mais recente e estrambótico mistério que paira sobre o Congresso Nacional está, sim, no valor que os parlamentares ali lotados aprovaram e a ser destinado para o custeio das eleições: três bilhões de reais!!! Gente, um valor tão elevado que humilha e revolta parentes de enfermos que aguardam em filas por um atendimento médico em todo o Brasil e que, ainda, choca familiares de presos que – revoltosos- aguardam por uma vaga no sistema prisional e enquanto algemados em viaturas policiais estacionadas em frente a delegacias diversas. É inacreditável que o Congresso consuma o equivalente a quase um bilhão de dolares e não apresente ao povo brasileiro uma produtividade que justifique a aplicação desse exorbitante valor; um Congresso que, basicamente, reúne-se dois dias por semana e que esvazia-se com a proximidade de eleições; um Congresso cujas trapalhadas podem até ser comparadas a de meninos pirracentos de jardins de infância e que têm como pais ( ou responsáveis)os ministros do Superior Tribunal de Justiça; um Congresso que já teve um presidente tentando anular uma sessão de julgamento de impeachment; um Congresso cuja mesa diretora atropela debates; um Congresso onde considerável parcela de políticos responde a inquéritos policiais ou tem os seus nomes envolvidos em tramoias diversas; um Congresso onde algumas sessões terminam em pancadarias, insultos e choros ou que desiludem milhões de brasileiros; um Congresso onde alguns daqueles que ali têm assento parecem estar a serviço de ideais nefastos para o Brasil e de grande valor para eles próprios; um Congresso, enfim, onde muitos homens coléricos excitam-se em meio a balburdias infernais que nada rendem de positivo para o povo que deveria representar com dignidade e altivez. Precisamos, sim, é de um Congresso que lute, lute e lute com grandeza de espirito em um pensar reto e esclarecido, que se eleve para o Brasil desde o Planalto Central; que medite, discuta e aja enquanto vivendo a finalidade da vontade de quem elegeu os seus membros. Eleições aproximam-se e não sei se já começo a ficar temeroso em relação à capacidade dos vitoriosos em representar-nos ou na capacidade da maioria dos brasileiros no momento de votar.

*Agente Social
Uberlândia-MG