Ivan Santos*

No Brasil as pesquisas de tendências diante de estímulos sociais ou sentimentos só despertam grande interesse na sociedade em tempo de avaliação de pré-candidatos a cargos eletivos. Talvez por isto a última pesquisa do Instituto Datafolha sobre as intenções dos brasileiros em relação às próximas eleições e ao governo do presidente Michel Temer, feita no final do mês passado, tenha causado pouca repercussão no Brasil. Segundo a pesquisa, a avaliação popular do governo de Temer continua baixa: 5%, mas o resultado revelou um fato que não pode ser ignorado por quem acompanha o processo político nacional: 37% das pessoas entrevistadas pelo Datafolha entendem hoje que é melhor para o País que o atual presidente continue no cargo até o último dia de dezembro de 2018. A mesma pesquisa indica que 59% das pessoas consultadas, estimuladas por pregações de partidos políticos da esquerda radical, ainda preferem que Temer seja afastado do Governo agora e que outro governante seja escolhido por eleição direta para governar até o fim do ano que vem. É ledo engano esperar que um novo chefe do governo brasileiro, eleito pelo povo, tenha poder mágico para, após ser empossado no cargo, resolver os maiúsculos problemas econômicos e sociais do Brasil apenas por vontade política. O eleitorado nacional precisa se conscientizar de que é preciso escolher o futuro chefe do Governo entre os que tenham competência e apoio político para viabilizar medidas e reformas austeras que possam permitir ao Governo equilibrar as despesas à receita. Não adianta eleger um presidente com forte apoio popular, mas sem apoio no Congresso para viabilizar uma administração realista capaz de enfrentar e resolver problemas criados e alimentados por administradores populistas irresponsáveis. O presidente de Temer, embora impopular, tem cuidado com responsabilidade da administração do Orçamento da República e propôs medidas austeras como a limitação do teto de gastos do Governo já aprovada no Congresso e uma reforma da Previdência ainda sem aprovação. O povão não gosta de medidas austeras, mas não há administração responsável sem controle de excessos. O fato em destaque neste momento que merece atenção especial é que cresce no País o número de pessoas que entendem não ser racional afastar um presidente da República e eleger outro para governar pelo tempo de um ano apenas. Cautela e racionalidade, como caldo de galinha, não fazem mal a ninguém.

*Jornalista